segunda-feira, 31 de maio de 2010

"E eu sou melhor que nada" *

Não sabia o porquê, apenas que aconteceu, que se deixou levar no momento, mesmo sabendo que era incorrecto. Talvez se viesse a arrepender mais tarde, talvez fosse injusto pois a pele que procurava não era (de todo) aquela. Mas nos breves minutos que durou a precipitação de mãos e bocas, os olhos fechados e os arrepios sentidos transportaram-na para outro lugar e outro tempo. Um tempo em que os muros eram mais baixos, em que ainda havia um príncipe encantado montado num corcel branco a ponto de chegar , em que a primeira pessoa do plural não provocava um nó na garganta e em que a conciência não a torturava quando tinha pequenos deslizes do corpo.

* Variações

domingo, 30 de maio de 2010

Entre parênteses

Acrescentam informação. Veiculam à partes.

2009/2010 foi um ano entre parênteses. Fui diferente de mim, abri portas fechadas à chave, desprotegi-me e percebi, já encima da linha da meta, que a miragem em que vivi não passou disso: uma miragem. O parênteses fechou-se e não me parece que se volte a abrir, pelo menos enquanto a recordação da mágoa perdurar. No entanto, ninguém me tira a felicidade dos momentos especiais, não há maneira de apagar de um coração cheio as memórias boas e aconchegantes. Sei que vou olhar para trás, daqui a uns anos, e apenas recordar o bom, fico com isso. Com isso e com a certeza de que com cada ano lectivo se apaga o quadro negro onde se escreveu o anterior para recomeçar do zero, noutro sítio, com novas pessoas, um mundo cheio de possibilidades à espera de serem abraçadas.

Terei, mesmo, que agradecer a quem de direito, o ter-me ajudado a fechar o ciclo com uma picadinha no estômago mas sem (tanta) pena de ir embora.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Ah saudades do futuro!

Fui e valeu a pena.

Valeu a pena por tudo, porque a experiência é única num espaço muito simpático e acolhedor apesar da extensão. Valeu pela companhia que uniu de novo presente e passado recente numa simbiose única de perfeição. Valeu pela música que ia ouvir e superou as expectativas, por aquela acerca da qual tinha medo de ter expectativas, por aquela que me dizia relativamente pouco e que agora me diz muito mais.



Foram os Trovante (11 anos depois, ou serão 20?) e eu lá, com eles, como sempre, com a ausência presente a cada segundo de quem sei que gostaria de ter estado. Foi o arrepio à primeira nota da Maria Rita porque o som da voz da mãe dela me transportou para espaços temporais diferentes ao mesmo tempo - é uma senhora única e irrepetível ainda que as semelhanças com a Elis sejam inegáveis! Foi o Elton John, foi a Mariza, foi o Tim...

Foram principalmente vocês, com quem partilhei tudo isto e que não substituiria por ninguém.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

The Special Ones

Foram especiais desde o início, desde que me conquistaram com sorrisos, desde que entraram nos meus jogos sabendo dar respostas muito melhores do que as que eu esperava. As horas tardias - cheias dos cansaços do dia de trabalho, com famílias à espera em casa, viagens mais ou menos longas feitas e por fazer, esperas longas ou curtas - de uma aula cheia, cheia de gente, cheia de gargalhadas, cheia de vontade, deram-me alento nos regressos chuvosos. E era neles que pensava sempre que preparava algo diferente, sempre que a minha imaginação voava e trazia de longe uma nova aventura, era naquelas caras que eu esperava ver espelhado o ânimo.
Não sei se tudo mudou num momento ou se foi um processo gradual. Não sei sequer se algo mudou. Talvez tudo não tenha passado de imaginação minha. Talvez me tenha enganado redondamente e não o tenha sabido ver a tempo. Talvez as pistas tivessem lá e eu não as tenha descortinado. Talvez eu não tenha sido especial, apenas isso.
O abrir de olhos foi uma estalada na cara, mas foi bom. Não quero memórias fictícias nem saudades infundadas; assim, será muito mais fácil partir.

unrequited... something

Num mundo com milhões de pessoas, numa vida em que contactamos com milhares, a coisa mais difícil é encontrar alguém de quem gostemos e que essa pessoa sinta o mesmo por nós, com a mesma intensidade. É tudo uma questão de probabilidades e há que admitir que nem todos temos o mesmo tipo de sorte. Contudo, quando nos entregamos completamente, quando abandonamos a redoma que nos protege, necessitamos de sentir respostas positivas.
Não sei se o que mais dói é o engano em que vivi todo este tempo ou o ter descoberto a inverdade. Serei tonta ou cega?

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Deadline

In the rain
The pavement shines like silver
All the lights are misty in the river *
A luta incessante entre querer e não querer esgota-me. Por um lado está a vontade, o desconhecido, a aventura, a necessidade de viver mais e com mais intensidade experiências novas que jamais sonhei. Por outro, o medo (do novo e do que fica à espera) e o precisar de estabilidade e de rotinas que me "inventem" harmonia.
Quero e não quero, como me acontece contigo.

* "On my own", Les Miz

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Missing

Depois do frio, com o cansaço e tendo como momento auge uma tarde/noite particularmente conturbada e decepcionante, ela foi-se. Desapareceu.

Foi regressando aos bocadinhos, devagar, meio diferente - logo agora que estava a voltar a ser o que um dia fora.
Só o descanso, a água, o chá e alguns cuidados extra a podem convencer a não continuar escondida, algures, sem que eu a consiga encontrar.

Espero que não demore muito, que não se ponha teimosa nem tenha caprichos de menina mimada porque a sua ausência assustou-me muito mais do que algum dia deixarei transparecer.

terça-feira, 18 de maio de 2010

"I know that I’ve got issues, but you’re pretty messed up too" *

Ambos dissemos mais do que se deve, ignorámo-nos em partes iguais, desencontrámo-nos em encontros, sabendo que cada vez que nos víssemos tornaria mais difícil a superação. Evitámo-nos sem duvidar que tropeçaríamos um no outro para sempre.

Voltei a estender-te a mão e tu continuas sem a agarrar. Limpa o sorriso da cara porque as decisões mais duras são também as mais definitivas.

* My life would suck without you, Kelly Clarkson

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Difícil

Custou-lhes separar-se de manhã mas tinham de continuar a viver. Prometeram não voltar a desencontrar-se, prometeram jamais deixar de se querer, prometeram-se tudo sabendo perfeitamente que não deviam ter prometido nada.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Mimos

As lágrimas que vejo nos teus olhos, aquelas que lutam para não sair, tornam-te o olhar brilhante e triste. Queria lutar contra elas, queria que desaparecessem porque são sinais de uma dor que queria poder evitar-te. Sei que precisas de passar por tudo isso, sei que o sol voltará a brilhar, sei que tu és o suficientemente forte para tudo, mas… ainda assim, sinto-me impotente ao ver-te sofrer.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Shhh!

As palavras que digo com as melhores intenções são, por vezes, aquelas que mais magoam. O que ninguém sabe é dos silêncios em que guardo o que prefiro não dizer.

domingo, 9 de maio de 2010

Porque ontem não estive lá e devia ter estado

Julie Andrews, "Crazy World" in Victor/Victoria
First you drive me wild
And then you win my heart with your wicked art;
One minute tender, gentle,
Then temp'ramental as a summer storm.
Just when I believe your heart's getting warmer
You're cold and you're cruel
And I, like a fool, try to cope,
Try to hang on to hope.

sábado, 8 de maio de 2010

Dreams

I should be heading here:

“Mirando los besos que otros se dan” *

Não é que tenha inveja, nem que queria ter o que eles têm, não é sequer que me reveja na sua imagem – é a memória a voar por um minuto até ti, sabendo que se estivesses o virtual não o seria.

* Duele, Chenoa

quinta-feira, 6 de maio de 2010

“Natal é em Dezembro / Mas em Maio pode ser” *

E esta semana foi, apenas porque sim, porque apeteceu. E levantou-se vento, e pôs-se frio, e a partilha pareceu mais real com a meteorologia apropriada.

* Ary dos Santos

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Culpa Nostra

A culpa que sinto quando me mimas não é uma reminiscência católica, é a certeza de saber que o que partilhamos não está certo, por mais que tentemos convencer-nos do contrário.

terça-feira, 4 de maio de 2010

É a tua subtileza que me ganha

A tua música tocou ao chegares. Tudo o que me dás parece envolver-me como uma teia suave que cheira a doce - que não me deixa fugir. Deste-me uma flor e tenho-a escondida à vista de todos, fingindo que não foi tua. Reclamaste o teu lugar, encontraste soluções para os meus medos, deste o primeiro passo da confiança.

E eu precisava tanto de te sentir por perto.