quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Beckett de cabeça para baixo

Fiona Shaw no National Theater
Escondo a cabeça na areia para não ver o mundo que me envolve e me comprime. Não sei se tapar os olhos fará com que a realidade desapareça e me libertará ou se é simplesmente uma ilusão. Ilusão de felicidade momentânea, oásis de leveza, miragem com que sonho e não chegará nunca. 
Ainda assim, quero aproveitar os minutos de escuridão para refletir sobre mim, para entender em que é que continuo a errar (e porquê), para voltar renascida e forte, pois toda esta fragilidade dos últimos tempos não condiz comigo.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Ao Bicho Papão

Quero que me abandones os sonhos, que deixes de converter cada noite em pesadelo. Quero que me afetes o menos possível e a dor da insegurança me permita viver de uma vez por todas. Não vais continuar a conseguir o teu objetivo porque eu não te vou deixar. 

It's a season to be ...

Fa la la la la la la la la

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Weeping You

Dear P,
às vezes a vida toma caminhos que nos fazem acreditar que os milagres não existem, que há certas coisas que simplesmente não acontecem. Quando levamos demasiado tempo a acreditar numa coisa sem que ela chegue, começamos a perder a fé. Logo eu, que sou de ideias fixas e que gosto de insistir nos mesmos erros, um dia desisti de esperar e deixei de acreditar. Mas às vezes os milagres acontecem sem darmos por eles, sem estarmos à espera. É por isso que não dei por ti, é por isso que não contei contigo. É claro que enchias a sala cada vez que chegavas, é claro que o meu dia era mais feliz cada vez que sorrias, é claro que brilhava por dentro cada vez que te aproximavas. Por muito que não to dissesse ou não quisesse que o visses, tu sabias. Não quis deixar-te entrar, apesar do tanto que queria. Talvez fosse a intuição a falar-me em silêncio, talvez fosse esta falta de fé. Quando finalmente entraste e te pedi que ficasses continuei céptica. Pensei que se nem eu nem tu conseguíamos parar-nos, se nem eu nem tu podíamos resistir e impedir-nos de sentir a pele um do outro, teria de pendurar um sinal stop junto ao coração. Esperava que, apesar de eu não conseguir verbalizar, tu respeitasses o sinal e não tentasses invadir esta pequena propriedade privada que é o meu coração. Não fui a tempo. Admites que a atracção continua, que combinamos, que temos tanto em comum, que admiras tantas coisas que eu também admiro em ti. Esta reciprocidade agora dá cabo de mim. Confessas-me que racionalmente poderia ser a melhor solução para ti, que conseguias imaginar um futuro ao meu lado e eu, sem dizer que te quero bem, sem te contar que quero o melhor para ti, sem admitir que secretamente imaginei o mesmo, apesar de a intuição não me dar margem para expectativas, vejo-te ir embora. As relações são como um edifício, vão sendo construídas aos poucos, com bases sólidas para que não caiam. Se tem as fundações certas, amor, respeito, confiança, sinceridade, compreensão, apoio, honestidade, não se desmorona. Infelizmente, o nosso edifício não passou de um esboço. E aqui estou eu, de sinal stop na mão e uma propriedade privada encerrada para balanço. E apesar de não estares aqui, quero que te encontres e sejas feliz. Mesmo longe, o teu nariz será sempre o mais bonito.
Com carinho,
J