segunda-feira, 18 de março de 2013

Rapsódia em dó maior

A culpa é do cansaço, da vontade de dormir muito tempo, do não querer sair do sofá, do horror por passar a soleira da porta e voltar a enfiar-me no carro para a rota pendular de todos os dias. Será o caminho, o desânimo, a rotina, a deceção? Será que de vez em quando vejo claramente que me acomodei como todos aqueles em que não me quis refletir, e agora é tarde para voltar atrás. 
É tão difícil mudar de vida: deixar tudo e correr mundo em busca da alegria que perdi algures no caminho raiano. Gostava de ter coragem, de deixar a segurança e lançar-me à aventura. Porém, há raízes que me prendem ao chão, há um lar, há algo maior e muito mais importante do que um sorriso constante, e tudo isso me diz (baixinho, ao ouvido):
"Tu podes, tu aguentas, vais ver que não demorará o momento em que tudo vai mudar e a alegria te vai invadir outra vez."
E o momento não chega, e eu aguento.

Sinfonia em azul

Ainda me tocas, ainda mexes comigo. 
Contudo, já não são as borboletas no estômago de outrora. 
Depois de tanto tempo (e tantas outras coisas que não têm já qualquer tipo de importância) ficou-me uma tristeza profunda cada vez que penso em ti e em todas as esperanças vãs que, um dia, em ti depositei.

sábado, 16 de março de 2013

Reaching out

É tão difícil estar perto quando nos afastam. 
É tão complicado ver o mundo cinzento de repente sem saber de onde vem a falta de cor.
Custa muito perceber que talvez estejamos errados nas escolhas e nas decisões.
Dói entender que temos o que construímos e, a maior parte do tempo, essas construções não são mais estáveis ou fortes do que as cidades de papel ou os castelos de areia que edificávamos em crianças e que desapareciam com a mesma efemeridade com que dávamos um passo para o lado ou uma onda nos vinha visitar.

Pode ser que algum dia eu compreenda que não se pode agarrar o mar, que não se para o rumo de uma nuvem e que não conto mais do que comigo mesma para seguir o meu caminho, tenha quem tiver ao lado. Porém, como penso continuar a acreditar, como corro maratonas e não curtas distâncias, estendo a mão aqui e agora e espero que a agarres com toda a tua força para não me deixares cair.