terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O último Natal

Há muito (demasiado) tempo! É verdade, mas às vezes estas coisas acontecem.
Feliz Natal a todos! Se é que ainda há alguém por aí.


segunda-feira, 28 de abril de 2014

April is (still) the cruelest month

O abril da liberdade ainda não se recompôs do choque da tua perda e a memória evoca-te a dançar à inesperada chuva de um verão abrasador, com mais ou menos doze anos. Fecho os olhos e relembro tudo, os bons e (também) os maus momentos: as brincadeiras, as perdas (tuas e minhas), as brigas e os sonhos que cumprimos juntas (a Whitney em Alvalade será para sempre).
O mundo era mais fácil - apesar da distância e do silêncio - quando ainda estavas nele. Não sei se pela força, pela dureza, pela segurança que inspiravas, ou se "apenas" porque tinhas o abraço mais sincero e generoso. 
Sei que do que mais saudades vou sentir é da tua voz, porque sabes, amiga de sempre, nunca mais um dueto vai ter o mesmo sabor, já que só contigo não era preciso ensaiar.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Paved heart

Pudesse eu mudar de ideias e não serias tu o dono e senhor dos meus pensamentos, das minhas vontades e intenções. Ambos sabemos que é assim que me tentas vencer. Pudesse eu trocar de coração de verdade e encontraria um que não cedesse aos teus modos suaves, à forma doce com que te aproximas, aos teus gestos e palavras cuidados. Ambos sabemos que é com essa suavidade e doçura que me vais tentar envenenar. Foi por isso que o mandei cimentar. Se arrancar-te de mim não resultou, se não há coração que me possa valer, o melhor é tornar o meu impermeável a ti.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Longas são as noites

Nas madrugadas mais escuras, naquelas que estão cheias de sombras, pesadelos e intempéries (externos ou internos, é indiferente), quando os sons sem barulho nos invadem o cérebro e o sonho não vem, há um pedaço de canção do Pedro que gira, qual disco riscado, dentro da minha cabeça.

Quando todos vão dormir,
É mais fácil...

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

As injustiças da maldita crise

Um dos níveis que ensino tem uma unidade didática que versa o tema do entretenimento e dentro desta trata do cinema. Aconselhei os meus alunos, com olhos e coração no passado e desconhecendo o presente, que se fossem a Lisboa experienciassem o meu cinema. Descobri hoje, ao ler o jornal, que fechou, mas que não só fechou como vai ser uma loja chinesa. Num país à beira do precipício, já não se pode contar com lugares de sonho e refúgio, onde todos nos conhecíamos, onde todos amávamos a arte mas também aquelas paredes, aquelas cadeiras, os trabalhadores, o intervalo, tudo. Apesar de já não viver em Lisboa, choro neste momento a perda de um dos meus locais favoritos no mundo.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O que fazemos com os sonhos quando não conseguimos dormir?

motivação

Dizem que é a causa, o motor que nos impele a agir. Aquela faísca de vontade que nos empurra para a frente e nos faz evoluir seja no trabalho, seja na vida pessoal.
Percebia as palavras, entendia o conceito, o que não conseguia era encontrar dentro de si esse interruptor mágico que a puxasse para fora da cama (e da sua própria concha) e a fizesse voltar a viver.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A liberdade é um lugar solitário

O bombardeamento sobre um possível e (i)legal referendo na Catalunha para discutir a independência da região do resto de Espanha dura há demasiado tempo para, mesmo aqueles que não têm horários para ver noticiários e não são amantes da rádio, não nos apercebermos dele.
Esta discussão, aparentemente eterna, sobre a possibilidade de decisão faz-me pensar: teremos realmente decisão livre sobre as nossas vidas? E não falo nas reservas que nos impõe a Lei porque essas são facilmente aceitáveis e de pacífico cumprimento. Falo daquelas decisões que nos vemos obrigados a tomar por muito que o nosso instinto e a nossa vontade gritem em sentido contrário. Se somos coagidos a ir onde não queremos ir, a estar com quem não queremos estar em datas que preferimos que não existam, a aguentar atitudes desagradáveis por parte de pessoas mais ou menos desconhecidas que nos julgam sem terem tido tempo suficiente ou conhecimento para formar uma opinião. Que liberdade individual é esta que só temos em miragem? A paz social, seja a sociendade em que nos movimentamos mais ou menos restrita, corta-nos o poder de decidir todos os dias e a cada centímetro do caminho. 

O mais livre é aquele que ao estar só não tem de ceder às pressões dos que tem em redor.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Saudades do verão

Mergulhara de cabeça, sem atenção nem cuidados de segurança, um dia num mar que de tão azul raiava o turquesa. O banho foi intenso, cheio de emoções e acabou com a dor de um barqueiro, que também ele ferido, a expulsou para o seu lugar na praia, cheia de cortes e feridas que o tempo parecia não querer curar.

Um dia o mar entrou de mansinho, de novo, por debaixo da porta de casa. Vinha escasso e abatido por força das marés vivas, queria que ela o acarinhasse como em tempos e se voltasse a imergir na felicidade das sensações do verão. E ela fê-lo, com algo de medo, mas com a urgência de saber que as segundas oportunidades são escassas e há que aproveitá-las quando surgem. 

De tempos a tempos, talvez por influência de um vento forte ou por incitação de algum peixinho zangado, o mar voltava a empurrá-la para a praia por momentos e as feridas abriam-se de novo e ardiam com o sal na pele. Porém, valia-lhe a pena esperar para que o mar voltasse a ser lago, para que a serenidade invadisse o mundo ainda revolto e pudesse sentir para sempre as sensações únicas que só a água salgada sobre a pele sem feridas consegue proporcionar.

Retorno a casa

Pediste-me um dia, e outro e outro e ainda outro, que não deixasse de escrever. Disse-te que precisava de um tempo, de espaço para limpar da minha mente os fantasmas que me tinham castrado a pena. Tudo isso era verdade, precisava de encontrar neste recanto a liberdade que perdi quando ele começou a ser invadido - por ser público - por gente que me queria pouco bem e se servia da "minha casa" para me investigar a vida (como se tudo aquilo que aqui se escreve correspondesse a uma realidade do momento e não a algo que pode ter sido ou não vivenciado, mas que é sempre fruto de um processo mental de intelectualização). Espero que a purga esteja completa porque preciso de recuperar a minha voz, ainda que sabendo que provavelmente o público fiel se foi com os meses de silêncio. Contudo, também te referi que só consigo escrever (ou apenas me agrada o que escrevo) quando não me sinto demasiado bem e tenho livre para a musa o espaço mental que costuma estar ocupado pela felicidade. 

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Gritos mudos


Quantas vezes mais terei de gritar "estou aqui" para que tu entendas as palavras e acredites em mim?

Afastar-me não vai resolver nada, apenas vai conseguir que eu desconfie de tudo e de todos de novo. Se tens algo a dizer, por duro que seja, acho que já te mostrei que aguento os golpes e que a minha armadura ainda consegue proteger-me do mundo. Se o medo que tens vem do facto de achares que a punhalada é dura demais, pensa que o golpe mais duro é pensar que não confias o suficiente em mim para querer partilhar o que te magoa. É isso que me dói, não as tentativas de ataque de (des)conhecidos aos quais não me devo.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Dor antiga

Porque houve um dia em que esta canção magoava demais, tive medo ao ouvir, na passada sexta-feira, os primeiros acordes. Talvez a voz ferida do Michael Stipe me comovesse mais, talvez tenha sido imbuída pelo espírito alegre da série (que se lhe reflete inclusive no nome), ... ou talvez, há quase dois anos, tenha deixado de doer em geral, e as cicatrizes comecem a conseguir tomar o lugar das feridas abertas.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Rapsódia em dó maior

A culpa é do cansaço, da vontade de dormir muito tempo, do não querer sair do sofá, do horror por passar a soleira da porta e voltar a enfiar-me no carro para a rota pendular de todos os dias. Será o caminho, o desânimo, a rotina, a deceção? Será que de vez em quando vejo claramente que me acomodei como todos aqueles em que não me quis refletir, e agora é tarde para voltar atrás. 
É tão difícil mudar de vida: deixar tudo e correr mundo em busca da alegria que perdi algures no caminho raiano. Gostava de ter coragem, de deixar a segurança e lançar-me à aventura. Porém, há raízes que me prendem ao chão, há um lar, há algo maior e muito mais importante do que um sorriso constante, e tudo isso me diz (baixinho, ao ouvido):
"Tu podes, tu aguentas, vais ver que não demorará o momento em que tudo vai mudar e a alegria te vai invadir outra vez."
E o momento não chega, e eu aguento.

Sinfonia em azul

Ainda me tocas, ainda mexes comigo. 
Contudo, já não são as borboletas no estômago de outrora. 
Depois de tanto tempo (e tantas outras coisas que não têm já qualquer tipo de importância) ficou-me uma tristeza profunda cada vez que penso em ti e em todas as esperanças vãs que, um dia, em ti depositei.

sábado, 16 de março de 2013

Reaching out

É tão difícil estar perto quando nos afastam. 
É tão complicado ver o mundo cinzento de repente sem saber de onde vem a falta de cor.
Custa muito perceber que talvez estejamos errados nas escolhas e nas decisões.
Dói entender que temos o que construímos e, a maior parte do tempo, essas construções não são mais estáveis ou fortes do que as cidades de papel ou os castelos de areia que edificávamos em crianças e que desapareciam com a mesma efemeridade com que dávamos um passo para o lado ou uma onda nos vinha visitar.

Pode ser que algum dia eu compreenda que não se pode agarrar o mar, que não se para o rumo de uma nuvem e que não conto mais do que comigo mesma para seguir o meu caminho, tenha quem tiver ao lado. Porém, como penso continuar a acreditar, como corro maratonas e não curtas distâncias, estendo a mão aqui e agora e espero que a agarres com toda a tua força para não me deixares cair.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Stating the obvious

Eu - Viste o filme que fizeram do Anna Karenina?
Ele - Não. Isso é um livro de um russo, não é?
Eu - Sim.
Ele - Pois, eu não gosto muito de Dostoyevsky e esses escritores russos todos, tipo Nietzsche.

Estava-se mesmo a ver que isto nunca poderia resultar.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Losing minds and something more


Soubesses tu o quanto me custa não poder abraçar-te e proteger-te contra tudo e contra todos, já não te sentirias tão só. É irónico que te sintas sozinho quando não quero mais do que estar ao teu lado e provar-te que não estás. Mostra-me que ainda és o homem que eu pensava que eras, que apesar das tuas complicações tu estás aí e não tarda voltas ao que sempre conheci de ti. Consegues perceber que ainda não acredito que me desiludiste?

Soubesse eu o que queres realmente, talvez já não estivesse aqui. É irónico que não queiras estar comigo e não me deixes partir e curar-me. Mostra-me o caminho, deixa-me ouvir o que estás a pensar, deixa-me perceber se devo acreditar em ti.

Soubesses tu que quando o teu corpo tocou num canto do meu e eu me perdi noutro canto do teu, que quando o meu coração perdeu o compasso e o teu sossegou o descompasso do meu, que quando fechaste os olhos e sorriste por dentro, logo o meu peito acalmou no segredo do teu. E o sol invadiu o escuro da noite e eu senti-te tão perto que não quis mais largar-te.

Soubesses tu que quando expus o meu mundo e o teu se fechou, que quando o sol se escondeu e tu fugiste com ele, que quando fiquei ferida de novo no escuro, logo o meu mundo parou no vazio que o teu mundo deixou. E o silêncio da tua ausência torna tudo tão maior que os pormenores do meu mundo, que antes eram insignificantes, se agigantam agora com o teu vazio. Todas as canções, todas as conversas, todos os detalhes te levam dentro. 

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Jinxed

Porque é que até as questões mais simples acabam sempre por ser lutas incessantes? Será este azar uma história interminável? Não sei quanto tempo mais o corpo aguenta, o cérebro, esse já desistiu há muito.