sexta-feira, 13 de agosto de 2004

Aprender

Foi com ela - uma alentejana como eu - que aprendi a amar a poesia. Hoje decidi recordá-la assim:

Saudades

Saudades! Sim... talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!


Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como pão!

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!

Florbela Espanca

Porque ninguém escreveu sobre o amor como Florbela... alguns pior, alguns melhor, mas nunca igual. Há corações irrepetíveis.