Tal como a Isadora eu também não me lembro da questão do desaparecimento nos céus do "Misha dos Jogos Olímpicos" (como eu lhe chamava). Lembro-me sim de adorar o meu boneco, de ver os desenhos animados e de ouvir incessantemente o disco da série que continuo a guardar como um tesoro.
As conotações políticas só as entendi muito mais tarde e sinceramente não me parecem ter muita importância perto das recordações dos milhões de brincadeiras que partilhei com o meu amiguinho, que me ensinou as cores e os significados dos anéis olímpicos.
Mas há ainda outra coisa que me fez guardar este brinquedo com tanto carinho. Li algures (e isto não sei se é verdade) que foi o meu outro Misha favorito que deu nome ao bichinho de peluche. Sim o Barishnikov, aquele bailarino que me enamorou desde que o vi pela primeira vez num dos video de ballet que a minha madrinha me obrigava a ver e que tanto me aborreciam. Mas a leveza, a elegância e a irreverência daquele homem deixaram-me vidrada.
Seja verdade ou mentira, eu quero acreditar que é assim, que o meu Misha particular foi baptizado em homenagem ao outro Misha, o que dança... e como dança!