segunda-feira, 30 de agosto de 2004

Vontade de não fazer nada

Sempre que tenho alguma coisa premente para fazer, tento arranjar outra coisa para me entreter. Se há uma certa urgência em fazer as malas e cortar o cabelo antes partir em viagem, sento-me em frente ao computador e finjo que tenho coisas mais importantes para fazer primeiro, como não fazer nada, por exemplo. Era assim no tempo da faculdade, especialmente na altura dos exames de latim. Cada vez que a data de um exame se aproximava, eu arrumava o meu quarto. As pilhas de livros voltavam ao seu lugar, as fotocópias eram arquivadas, os cadernos e as antologias de textos já prestes a desfazerem-se escondiam-se no armário. Nos três meses que iam de um exame ao outro, dormia no meio de um campo de batalha. Não sei por que sempre se apodera de mim esta vontade de não fazer o que tem de ser feito. Mas parece-me óbvio que qualquer coisa é mais interessante do que fazer malas ou estudar latim.