A mim ninguém me apresenta, vocês não têm nem capacidade nem qualidade para isso.
Na falta de um estrado ( instituição que de forma alguma deveria ter desaparecido dos centros académicos) sento-me na mesa e sempre vos posso olhar de alto. Adorem-me e adulem-me, nada me fará feliz. Façam perguntas estúpidas para eu vos poder humilhar. Mas nunca - ouviram? -, nunca se atrevam a pôr-me em causa.
O meu sentido de estética não é dos melhores mas como meus súbditos sereis cegos para tais frivolidades.
Que vergonha não terem lido o Guerra e Paz aos 15 anos. Eu com 12 já tinha degustado esse pequeno-almoço. Porque para as refeições principais há que guardar sabores mais requintados. Por exemplo, a Odisseia de couvert, de primeiro prato Les Misérables, para prato principal a Obra Completa de Shakespeare (escrevi um livro sobre isso que vou passar a ler!) e como sobremesa algo leve:
- Para mim o Dom Quixote de la Mancha, por favor, e depressinha.
Dizem que me tenho em alta consideração. Nada disso! Eu sei quem sou e o que mereço, e cada encómio é-me devido. E claro que o que eu digo nas aulas em nada vos vai servir para responder aos meus testes. Eu sou a grande estrela, a entertainer, falo do que me apetecer; a análise literária façam-na vocês, eu depois decido se o vosso trabalho merece algum crédito ou não.
O único defeito que me podem apontar é ser vista na companhia de uns determinados reposteiros ambulantes. Mas essa situação nem eu mesma entendo.