quinta-feira, 25 de novembro de 2004

Crónica de uma manhã distraída

Dei por mim a sair da aula de Espanhol sem saber muito bem como fui lá parar. De duas horas de aula, lembro-me apenas de corar quando do meu telemóvel soou aquela música que adoro e que toca sempre que recebo uma mensagem e dos colegas me chamarem para que prestasse atenção ao professor e respondesse às perguntas que ele me fazia. Apanhei o metro na Avenida para voltar para casa e a minha mente fugiu para um lugar mais agradável. Absorta nos meus pensamentos (não interessa agora em quem pensava e para onde me tinha fugido a imaginação), espantei-me quando me apercebi que todas as carruagens estavam vazias e as portas se tinham fechado na estação Baixa-Chiado. Longos segundos mais tarde, percebi a asneira que tinha cometido, devia ter saído, aquela era a estação terminal. Sem saber o que fazer ou sequer se alguém se teria apercebido que eu continuava ali dentro, resolvi puxar a alavanca vermelha e ver o que acontecia. Só depois li o que dizia por baixo: "Puxar em caso de perigo. Penalizações em caso de uso indevido." Ora, perigo não era propriamente a palavra que mais se aplicava naquela situação. Uns minutos mais tarde, surgiu um senhor que se deve ter comovido com o meu ar de ponto de interrogação, como quem diz "como é que eu vim aqui parar", e que me garantiu que em alguns minutos estaria de novo na estação. Quando saí, toda a gente que esperava pelo metro olhava para mim sem perceber por que razão me ria eu, sozinha, à gargalhada. Diriji-me para a linha verde e apanhei o metro novamente, mas como fui o caminho todo a rir, esqueci-me de sair nos Anjos. Para disfarçar e não me sentir ainda mais estúpida, resolvi sair na Alameda e ir às compras, a ver se o dia se compunha. Eu bem digo que já não tenho cura... Qualquer dia internam-me.