Os vidrinhos
Ao longo da minha vida adulta decepcionei-me com um tipo de pessoas a que chamo "os vidrinhos". A ausência grave de auto-estima, por mim entendida e respeitada como consequência de uma vida difícil e pouco feliz, leva afinal e invariavelmente a uma incapacidade de relacionamento honesto e duradouro seja com quem for. Aprendi a desconfiar de pessoas demasiado susceptíveis, de gente que volta e meia se "magoa" com palavras insuspeitas e, sobretudo, que nunca confronta os amigos com o que sente. Sou inteiramente culpada pela decepção porque sei do que são capazes os vidrinhos da vida: de manipular, de usar, de trair, de inventar. Por saber disto, não me posso queixar. Mas posso escrever este post, coisa que os vidrolas não podem. As criaturas frágeis podem, no entanto, ir berrar para a porta do Tribunal de Monsanto (já não é na Boa-Hora, atenção!), coisa que me vejo totalmente impossibilitada de fazer.
Conheço bastantes pessoas assim e nunca fui capaz de as descrever com tanta exactidão. As minhas homenagens e agradecimentos à senhora de que sempre finjo não gostar mas que leio com a maior regularidade.