Ódio por ele? Não... Se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida assim roubei todo o encanto...
Que importa se mentiu? E se hoje o pranto
Turva o meu olhar marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Como um enorme e soturno Campo Santo!
Ah! Nunca mais amá-lo é já bastante!
Quero senti-lo doutra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!
Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda.
Ódio por ele? Não... não vale a pena.
Florbela Espanca
Celebro este dia com aquele que foi o meu poema preferido por muito tempo. Durante anos aspirei atingir este estado de indiferença em relação meu significant other. Continuo a gostar do poema, pela beleza e tranquilidade que transmite e principalmente pelo que significou para mim.