Fui ver The Beach Boys, ia sem grandes espectativas, mas com muitíssima curiosidade.
Da formação inicial apenas se mantém Mike Love (o eterno vocalista), e Bruce Johnson que entrou numa segunda formação de 1965. Depois das mortes de Dennis Wilson - o verdadeiro surfista do grupo - e de Carl Wilson, os restantes membros acabaram por se separar. Se, para falar a verdade, há músicas que perderam o impacto, como Good Vibrations (porque há harmonias irrepetíveis), o espírito da banda continua lá. A boa disposição, a vontade de que o público dance, a necessidade de se divertirem para nos divertirem a nós, continuam intactas ao passar dos anos.
Mike Love continua o mesmo miúdo brincalhão e galanteador, que "dá tanga" às meninas desde a primeira fila até que a vista alcance. É como que um presidente daquela república, que apesar de já não contribuir quase nada para a performance musical, permanece como representante indiscutível de uma banda histórica. Só a entrada dele em palco, agarrado às costas, fazendo troça da idade que já tem, parece-me dizer tudo acerca do espírito jovem do homem que depois de 10 canções quase sem pausas, vai dançar com uma rapariga de 20 anos.
O outro elemento essencial da noite foi o público. Desde as típicas camisas havaianas, até àqueles que decidiram vestir-se como se fazia nos anos 50/60, passando pela inesperada prancha de surf que passeou por cima da cabeça de todos nós durante o concerto e onde alguns tentaram manobras mais arriscadas, houve de tudo. Mas principalmente houve alegria, boa disposição e muita dança. Espero que os Beach Boys da sua primeira visita a Portugal tenham levado a memória de um público rendido e feliz, que tão somente procurava desfrutar.