Não me amas, queres-me: o amor vem d'alma.    
E que tens tu aí? Só calma?    
Só vaidade ou só desejo?    
Ai! não me amas, não.
Não me amas, queres-me: o amor é vida.    
E a tua vida é contida,    
Nesses medos que eu vejo.    
Ai, não me amas, não!
Ai! não me amas, não; só me queres    
E o receio de me teres,    
É monstro que te devora.    
Guardas o coração!
Não me amas. Sou tua, e tu não me amas.    
Quem urdiria estas tramas?    
Quem nos afasta em má hora    
Da nossa salvação?
E queres-me, e não me amas; é escusado,    
Vai cada um para seu lado    
Neste jogo de ilusões.    
Mas oh! não me amas, não.
E ridícula sou, porque te amo; e tanto    
Que te espero em cada canto,    
Porque não me dás razões.    
Mas amar!... não me amas, não.