terça-feira, 29 de novembro de 2005

Sobre essa preciosidade chamada transportes públicos

I.
Cada vez que tenho de esperar pelo autocarro que está atrasado envelheço dois anos. Coisa pouca, se comparar com os cinco que envelheço em cada aula a tentar acalmar as crianças. Feitas as contas, só neste ano lectivo já tenho mais de cento e cinquenta anos, um número mais próximo da verdadeira idade que o meu irmão mais novo acha que tenho.
II.
Às vezes rir é a única reacção que posso ter face à falta de educação de algumas pessoas. Com licença e por favor são expressões totalmente desconhecidas. Mas pelo menos podiam perceber que é mais fácil entrar num meio de transporte cheio depois de deixarem sair quem queria. É uma questão de bom senso.
III.
De facto, o metro em hora de ponta dá-me vontade de rir à gargalhada. Lembro-me sempre de um sketch do Gato Fedorento em que duas pessoas não conseguem manter distâncias socialmente aceitáveis. Quase posso ver o Zé Diogo a gritar para o Miguel Góis a dois metros de distância, Fale daí, homem, fale daí. Por isso, venho o caminho todo a gritar mentalmente, Respire daí, Homem, ou na pior da hipóteses, Cheire mal daí, criatura.