segunda-feira, 3 de julho de 2006

Reflexos

uma vez me agradou sentir-me identificada com uma personagem de ficção. Normalmente é uma ideia que me repele. Para quê ver aquilo que já conheço? Como é que a minha vida (no ecrã ou em papel) me pode interessar? Que piada tem sentirmo-nos retratados?
Por esta razão era espectadora assídua da série Ally McBeal e a personagem que menos me motivava era a personagem principal: a Ally era a "materialização" de todos os medos e inseguranças femininas. Nunca encontrei uma mulher que não se sentisse um pouco exposta semanalmente.
Pela mesma ordem de ideias aderi à série Sexo e a Cidade desde o primeiro episódio. O distanciamento permitia-me gargalhadas infindas, pensava eu que ninguém é uma Samantha ou uma Charlotte, e aqueles "bonecos" glamourosos que saltam de festa em festa e de homem em homem sem tabus nem pudores pareciam-me absolutamente fascinantes.
Estou a rever a série capítulo por capítulo, e 7 ou 8 anos depois há muita coisa que começou a fazer sentido, que já não me parece motivo de gargalhada despreocupada mas sim de reflexão aturada. Estarei a envelhecer ou a enlouquecer? Será que com a idade a avançar uma Carrie Bradshaw é um melhor espelho do que uma Ally McBeal?

5 comentários:

Ladybug disse...

Não estás a ficar velha nem louca, estás a ficar experiente... :)

mir disse...

Não me parece uma transição nada negativa.
De Carrie, de Ally e de louco todas temos um pouco!

menir disse...

Devo confessar uma certa irritação surda que a Ally me provocava... Eu gostava dela, atenção, mas passava o tempo a vociferar-lhe: caramba mulher, onde está o teu orgulho? Parte para outra!!!
Já o "Sexo e a cidade", mais os seus "bonecos" me deixavam bastante bem disposta pela sua posição muito activa, a passividade não tinha ali papel. ;)

mafaldinha disse...

Sinceramente amigas, não sei se "A Série" nas doses industriais em que a estou a ministrar a mim mesma faz bem ao organismo humano. Em relação à alma dá-lhe umas voltas estranhas, fá-la rever acontecimentos, rir-se de situações, bater com a cabeça na parede, e pensar.

Não sei se é experiência (no meu caso usar este termo é ao mesmo tempo soltar uma gargalhada daquelas com direito a lágrimas, rolar pelo chão e dores de estômago), se é porque todos somos um pouco assim (eu é que nunca me tinha apercebido), se é a questão da passividade (that's where I'm the queen, my dear), sei que tenho andado a tomar decisões e atitudes que antes não me via a tomar. Isso é positivo, certo? Como dizia o Variações:
Muda de vida se tu não vives satisfeito, muda de vida estás sempre a tempo de mudar

beijos enormes às três, e ao sorriso que me trouxeram à cara esta manhã quando vi que tinham sido vocês a comentar este devaneio.

Ladybug disse...

Sempre às ordens, querida.