domingo, 24 de abril de 2011

Não há nada como os nossos beijos

Fecho os olhos e ainda te sinto, como da primeira vez: a medo, sem saber muito bem como, com o desejo tão reprimido que não acredita no que tem na frente. Os teus lábios na minha mão, a beijarem-na, suavemente, e os olhos a espreitar-me para se assegurarem de que não se ultrapassavam limites. Os teus dedos a passear na pele dos meus braços, sem saberes o porquê de me escolheres o pulso ou o efeito que tal toque tem em mim. Fechei os olhos de prazer e senti um sorriso na tua respiração acelerada, viste a luz verde e prosseguiste. Aos tímidos beijinhos seguiram-se uns mais sensuais, mais explícitos, e uma vez mais não te rejeitei. Vieram depois os abraços, cada vez mais apertados, cada vez como mais necessidade, e em dois minutos as mãos passaram para debaixo do tecido à procura da pele que se esconde com a roupa. Beijámos pescoço, ombros, colo, cara, testa, olhos, evitando (por muito pouco) os lábios. Conhecíamos perfeitamente as fronteiras que estávamos a empurrar. Foi quando me suspiraste ao ouvido que me assustei, pois já não sabia se aquele suspiro que ouvira era teu ou um dos tantos que eu estava a calar.
Beijámos lábios por primeira vez. E essa primeira vez durou horas, horas de abraços, horas de pele, horas de desejo escondido e apenas materializado naquele beijo. As nossas bocas encaixavam como se fossem as duas únicas peças de um puzzle perfeito. Da inocente necessidade passámos à volúpia, à sofreguidão, ao precisar de conhecer mais da outra boca, já que o outro corpo ainda era proibido. Talvez, se os primeiros beijos não tivessem sido tão perfeitos não tivéssemos jamais continuado.
Contudo, enquanto os dias passavam por nós e o sentimento crescia, se solidificava e ganhava confiança, eram os beijos que não conseguíamos evitar. Aquela entrega sem travões ao carinho eterno de um momento. Qualquer lugar era bom, qualquer situação apropriada, qualquer segundo propício.
Sinto a falta dos teus beijos molhados na minha pele, mas principalmente sinto-lhes a falta nos meus lábios. A tua língua ladina mostrou-me novos mundos, deu-me segurança, fez-me sentir mulher e feminina. Entrego-me agora às memórias do que vivi contigo e se foi a partilha, a cumplicidade, o apoio, o carinho, que me fizeram apaixonar, os teus beijos foram o cimento que uniu os tijolos da nossa relação. Por serem tão intensos, tão sólidos, tão desejados, tão perfeitos. Por me fazerem sentir que o desejo é algo tão forte que há vezes em que por mais cabeça que sejamos, não podemos parar o que o corpo nos pede.
E na hora do adeus, é dos beijos que sinto mais falta. A minha boca é incompleta quando não está a beijar a tua.

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