Encolhia-se-lhe o estômago com uma necessidade compulsiva e inexplicável de voltar a escrever. Mas escrever em extensão, como fizera anos antes. Pensava que já não ia conseguir, que já não sairia nada, pensava também que o seu público já se fora e que agora este seria também (como o canto) um prazer solitário e umbiguista.
Numa folha em branco delineou a história que levava dentro, a apertar-lhe o coração. Ficcionalizou tudo. Deu caras e corpos às personagens. Mudou-lhes os nomes mil vezes. Inventou espaços, actividades e diálogos inteligentes. Contou um relato em tudo diferente do seu, que, contudo, catarticamente falando, não era mais do que um palimpsesto de tudo o que a estava a avassalar desde havia meses.
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