Era uma vez uma rapariga que, desde bem pequena, lia todos os livros que encontrava - os que tinha em casa, aqueles que lhe emprestavam, os que comprava de modo quase compulsivo ou os que trazia da biblioteca. Lia sôfrega e avidamente, palavras atrás de palavras, frases mais ou menos especiais e histórias nem sempre inovadoras.
Tanta leitura acarretou somente um problema: não conseguiu atingir o ponto da maturidade do leitor, aquele em que lemos o que previamente escolheramos com critério. A avalanche de vocábulos levara consigo o poder de decisão e ela era incapaz de saber se tinha mais qualidade um romance de cordel ou o Ulysses de James Joyce. Os que a amavam sentiam-se, por vezes, constrangidos quando numa discussão literária ela citava um qualquer livro menor comparando-o com os grandes sem noção do absurdo do que dizia.
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