Os momentos mais marcantes (bons ou maus) chamam-se assim porque nos mudam, deixam-nos uma cicatriz na alma, fazem de nós pessoas diferentes, mesmo quando não queríamos mudar. É depois desses momentos que entendemos - até os mais controladores, racionais e equilibrados - que nem sempre somos donos do nosso destino e que o auto-convencimento tem um limite.
Algum tempo depois do último momento de mudança (ou do turbilhão de acontecimentos sucessivos que me forçaram a mudar novamente) olho para trás e percebo que não era dona da minha vida nessa altura, que me deixei levar pela maré dos acontecimentos porque lutar contra ela não fazia mais do que esgotar-me. E adaptei-me, ao que veio, ao que não veio, aos sonhos desfeitos e aos concretizados. Provavelmente errei muito ao longo desses dias, porém, era o que precisava de fazer e fi-lo quando tinha de ser feito. Tive a perfeita e completa noção de que a realidade (a minha própria realidade) tinha deixado de me pertencer e a única arma à disposição era não me mentir nem me enganar a mim mesma.
Sou outra pessoa hoje em dia: menos ilusões, menos sonhos, mais projetos. Quero fazer e não só sonhar.
E preciso de aprender a viver com esta tristeza permanente (que me dá descanso em determinados momentos, claro está), mas que,enquanto não aceitar em mim, enquanto continuar a tentar reunir anticorpos para a eliminar, mais vai atacar o meu sistema imunitário e enfraquecer-me.
Somos o que vivemos, coisas boas e más, e, infelizmente, não podemos esquecer aquelas situações que nos fizeram sofrer muito; no entanto, é essa memória que nos faz agradecer e recordar os momentos de suprema felicidade. Para nos podermos lembrar do bom, temos de aprender a ter o mau acomodado e domado dentro do peito.
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