A culpa é do cansaço, da vontade de dormir muito tempo, do não querer sair do sofá, do horror por passar a soleira da porta e voltar a enfiar-me no carro para a rota pendular de todos os dias. Será o caminho, o desânimo, a rotina, a deceção? Será que de vez em quando vejo claramente que me acomodei como todos aqueles em que não me quis refletir, e agora é tarde para voltar atrás.
É tão difícil mudar de vida: deixar tudo e correr mundo em busca da alegria que perdi algures no caminho raiano. Gostava de ter coragem, de deixar a segurança e lançar-me à aventura. Porém, há raízes que me prendem ao chão, há um lar, há algo maior e muito mais importante do que um sorriso constante, e tudo isso me diz (baixinho, ao ouvido):
"Tu podes, tu aguentas, vais ver que não demorará o momento em que tudo vai mudar e a alegria te vai invadir outra vez."
E o momento não chega, e eu aguento.