sexta-feira, 28 de maio de 2004

Que saudades! (parte 2)

Para além de todos aqueles, ficaram em mim as memórias de uma menina que teve que se retirar demasiado cedo, mas já com uma carreira absolutamente brilhante.
Com nome de grande campeã - Martina - foi número 1 do mundo pela primeira vez aos 16 anos e dava gozo vê-la jogar.



Martina Hingis jogava ténis como quem joga xadrez, sabia todas as regras, tinha um conhecimento profundo da sua arte, havia sempre um plano B (e C e D e E) para quando o jogo normal não funcionava. Nutria um profundo amor pela profissão que escolhera e divertia-se a disputar cada jogo. Faltou-lhe ganhar Roland Garros e aos 19 anos na última final que disputou naquele court central parecia estar a adivinhar que não voltaria. A visão do seu "tabuleiro" de jogo fazia com que cada linha fosse um aliado, cada saque o ínicio de um momento único, cada jogada um regojizo para o espectador.
Tinha demasiado carácter? Sim, decididamente. Mas era uma mulher (ou menina) decidida, sabia o que queria e era difícil admitir que o não pudesse atingir, à primeira. Tenho muita pena de nunca a ter podido ver jogar ao vivo, ainda não perdi a esperança do regresso como "velha guarda" dentro de alguns anos.
É que mais do que qualquer outra coisa nela, era impressionante como jogava com o cérebro e podiamos ver-lhe na cara o desenhar da nova estratégia perante a adversidade.