Comer um chocolate é um acto profundamente íntimo e bastante revelador.
Há aqueles que o comem com sofreguidão e só param quando apenas fica o invólucro, parecendo que não conseguem parar enquanto tiverem um pouco na frente. Há também os que o comem a dentadas e quase não lhe sentem o sabor, mas que se saciam rapidamente. Há os que põem um pedacinho na boca e o deixam derreter lentamente para lhe encontrar os sabores escondidos e todos os prazeres misteriosos que aquele quadrado alberga. E depois há os que provam um bocado da primeira tablete mas já estão a pensar na abordagem que farão a uma segunda, porque são incapazes de se decidir. Estes últimos acabam invariavelmente por não apreciar o sabor nem de uma nem de outra e sentir que perderam as delícias de ambas por terem ambicionado demais.