terça-feira, 10 de maio de 2005

Amitiés

Pessoas há que vêem a amizade como se de um jogo de futebol se tratasse *: têm uma equipa de titulares e depois têm outros no banco, à espera, para quando um dos "meninos de oiro" se lesione ou tenha um impedimento que lhe não permita jogar. E há outras que têm a vida tão ordenada que têm amizades de primeira e segunda, umas que defendem de capa e espada em qualquer situação (porque as acham frágeis, inocentes, com baixa auto-estima,... whatever), e outras que deixam à mercê da tempestade dando-lhes uma sopa quente de vez em quando.

Aparentemente não há diferenças entre os dois tipos de "amigos", ambos fazem uso de hierarquias para caracterizar sentimentos que por si só a elas são avessos. Para mim, há nuances que os distanciam.
Os primeiros são egoistas e egocêntricos (e sabem-no), servem-se do "craque" do momento para tornarem a sua "equipa" mais forte e descartam-no quando já não dá rendimento. Os segundos acham-se profundamente bondosos e caridosos, porque prestam um pouco da sua atenção a todos os que os rodeiam. Esquecem-se é que "estar lá" não é quando nos dá jeito a nós, é quando os outros precisam, e precisam todos (os de primeira e os de segunda).

Se querem a minha opinião (e se me fosse pedido que escolhesse), acho que prefiro os primeiros, pelos menos o calculismo que vestem é aberto e claro, ao aceitá-los no nosso seio já foi com esta condição, a de que a qualquer momento poderiamos ser postos na prateleira. Os outros enredam-nos e mimam-nos, só se revelando quando não lhes resta mais opção e, ainda assim, tentando sempre justificar a atitude com a defesa do mais fraco.

Apenas me resta uma amarga conclusão: inevitavelmente, primeiros e segundos acabarão sozinhos, porque toda a gente se cansa de aguentar subterfúgios e de ser usado

*Metáfora surripiada à minha amiga F.