terça-feira, 17 de julho de 2012

Aprender - com a devida vénia *

Agora tornada professora - aquela profissão que passei toda a infância e adolescência a dizer que jamais abraçaria - relembro aqueles que me influenciaram de tal maneira que me "fizeram" enveredar por um caminho que me parecia impossível.

Relembro a primeira educadora infantil (a Isabel) que eu adorava como só uma criança pode, a primeira professora primária (a D. Francisca, que tinha sido, por sua vez, aluna da minha avó), a primeira professora de inglês (a prof. Teresa) e a sexta (a prof. Elsinha, como ainda hoje gosto de me referir a ela), a professora de Ciências de 6º ano, a maravilhosa e inesquecível professora Guadalupe que despertou em mim a paixão pela minha própria língua, língua essa que hoje (muito orgulhosamente) ensino. Junto também à lista duas professoras da faculdade: a Professora Rita e a Professora Joana - porque me apoiaram, talvez sem saber, e me ensinaram a importância do método e a cultura do esforço. Me ralharam e me ofereceram uma mão, cada coisa a seu tempo.
Talvez estas duas últimas e outra a quem ainda não me referi (por merecer o maior destaque da minha vida académica) tenham sido as três pessoas que mais me influenciaram. Talvez por culpa delas queira ser cada dia melhor.

Sei que o meu trabalho não é tão importante como o delas. Eu não influencio ninguém, ensino adultos maravilhosos que já têm uma vida formada e organizada e que aprendem português como língua estrangeira por hobby. Tenho somente um ou dois adolescentes perdidos numa selva de gente crescida. Contudo, gosto de ser melhor para e por eles, gosto dos gestos de atenção e carinho, gosto de uma sala de aula cheia, e gosto de pensar que se me vissem por um buraquinho todos os docentes referidos aqui (e aqueles que não tenho a capacidade nem o talento de referir, ou tornaria este post numa lista interminável de nomes) teriam um pouquinho de orgulho por terem semeado algo na menina tímida, calada e reivindicativa ao mesmo tempo.

A todos o meu mais sincero obrigado. Contudo, principalmente tenho de agradecer à professora Adélia, pelo carinho, a paciência, o sentido de humor, o talento, a inspiração, por saber sempre estar presente mesmo quando não temos tempo para dizer um olá rapidinho. Obrigada, professora, por ter estado ao meu lado, nos momentos bons e maus (e até mesmo nos piores), por ter sido e continuar a ser o meu modelo, e por me ter ensinado tanto, na escola e fora dela. 

* Post inspirado por uma lindíssima atitude da Fátima para com a nossa professora de Geografia que leio atentamente ainda que ela não saiba (o meu obrigado também a essa senhora fantástica que conseguiu que a disciplina de que eu menos gostava na escola se tornasse numa área interessante e estimulante).

5 comentários:

Uma Professora disse...

Sendo eu uma das "profs" a que fazes alusão, de uma forma tão "especial", o meu coração quase que não cabe no espaço limitadíssimo que lhe pertence... As memómias acabaram de vir ao de cima e inundaram completamente os meus olhos que, por momentos (e largos...)ficaram toldados de lágrimas e mimos!!!!! ...E, apesar de todas os constrangimentos que atualmente fazem parte da profissão de ser professor(a), acabei de carregar as baterias para, do modo que sei ser..., poder continuar a passar o testemunho por mais... talvez 40 anos, uma vez que a reforma... essa... talvez a venha a conseguir por volta dos meus 90 e tal anos...!!!! "Eles" é que não sabem que, graças a alunos e alunas maravilhossos e maravilhosas que tenho tido ao longo da vida e ao retorno mimado que continuo receber, me sinto perfeitamente preparada, feliz e realizada para continuar! Obrigada Susana. Também tu tens um lugar muito especial no meu coração!!

Uma professora disse...

Reparem, por favor, como me esforço por interiorizar as novas regras ortográficas! "Atualmente" escreve-se mesmo assim, sem "c"... não se esqueçam!

mafaldinha disse...

Que bom tê-la por aqui e senti-la motivada para continuar. Às vezes é complicado, muito complicado... tudo o que envolve a nossa profissão - que não é aula real - dá vontade de mandar tudo ao ar e seguir por outro caminho.

Sei que já lhe tinha dito um dia aquilo que decidi escrever aqui, contudo, acho que as coisas importantes se devem dizer alto e bom som. Não vale a pena só reclamar do mau e esquecer o que é bom. Prefiro agarrar-me àquilo que vale a pena.

(Eu também tenho andado à briga com o Acordo, uffff)

Anónimo disse...

Olá Susana:
Muito obrigada pelas tuas palavras. E ainda bem que te tornaste professora! Era uma pena se guardasses tudo aquilo que tu sabes só para ti :)
Beijinhos grandes e tudo de bom, Fátima

Victor disse...

Encantado de ter sido aluno teu, aprendi muito e diverti mais. Saludos e sorte.