terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Para ti


Uma das mais belas surpresas que algum dia me fizeram veio (obviamente) por parte de uma das minhas amigas mais sábias. Aquela menina (para mim sempre) pequena em idade (temos uns quantos anos de diferença) que me dá paz e confiança, que me tranquiliza e diz verdades retumbantes impossíveis de pôr em causa. Essa menina especial – que considero como uma irmã pequena – disse-me um certo domingo de maio, do alto dos seus 15 ou 16 anos (já não consigo ser específica):

Feliz dia da mãe! Porque a nossa mãe é aquela que nos cuida e nos quer bem, nos obriga a estudar quando não queremos e nos ouve em todos os momentos. E eu sei que não tens filhos e que por isso achas que este dia não é para ti, mas é.

E eu, sem ser capaz de abarcar num só coração tanta doçura e generosidade, ainda por cima vindas de alguém que luta diariamente para se manter como a mais dura do universo, não consegui fazer mais do que agradecer e chorar.

Ontem e hoje tenho-me lembrado todo o dia destas frases dela. Talvez porque lhe sinta muito a falta e tenha saudades. Talvez porque há um ano que não nos vemos pessoalmente. Talvez porque esta conversa me fez pensar muito nesse mesmo dia e muitas outras vezes depois.

Nunca senti esse chamamento da natureza que muitas mulheres sentem e que as faz ter a certeza de que querem ser mães. Sempre pensei que se surgisse o momento, a situação e a pessoa ideal talvez fosse uma possibilidade, mas nunca mo pus como objetivo. E sei que há muitos que não entendem esta opção, mas é a minha e penso continuar a abraçá-la, aplaudindo de pé todos aqueles que decidiram lançar-se na aventura de ter filhos.
Contudo, tenho uma mania frustrada (e por vezes frustrante) de meter debaixo da minha asa aqueles de quem gosto, de proteger e dar apoio, de me esforçar por que se sintam queridos e confortáveis nesse lugarzinho que o mundo disponibilizou para eles dentro do meu coração. Era provavelmente a essa mania que a lindíssima R. se estava a referir quando me dizia que o dia da mãe era para mim.

Venho aqui hoje, contar este momento secreto entre a R. e eu, porque faz mais sentido do que nunca. Porque há outro alguém que vive longe de mim, e que eu queria estar a proteger neste momento mas sei que não posso. Sei que a única coisa que posso fazer é abrir-lhe os braços, ouvir-lhe as mágoas se mas quiser contar, tentar lutar para que encontre o chão que lhe anda a fugir, correr ao seu encontro assim que pudermos e entreter-lhe a razão com coisas mundanas para que possa descansar do turbilhão para onde a tristeza nos atira quando chega.
Estou aqui como ontem e como sempre, não fui para lado nenhum. Umas centenas de kms não são nada comparados com a nossa amizade.

1 comentário:

Jessica disse...

Maybe I don't tell you as much as I should, but you really are a special friend. So much as happened in our lives, so much has changed, we have changed, but somehow we were able to stay together in all this distance. We don't talk as often anymore but when we do it's as if time stood still. Everything is the same again. And that's not bad. In fact, that's great. It means we have an unbreakable bond, stronger than the world, longer than life. This is the reason why I know I don't have to thank you for being there for me. But thank you for being special.