Mergulhara de cabeça, sem atenção nem cuidados de segurança, um dia num mar que de tão azul raiava o turquesa. O banho foi intenso, cheio de emoções e acabou com a dor de um barqueiro, que também ele ferido, a expulsou para o seu lugar na praia, cheia de cortes e feridas que o tempo parecia não querer curar.
Um dia o mar entrou de mansinho, de novo, por debaixo da porta de casa. Vinha escasso e abatido por força das marés vivas, queria que ela o acarinhasse como em tempos e se voltasse a imergir na felicidade das sensações do verão. E ela fê-lo, com algo de medo, mas com a urgência de saber que as segundas oportunidades são escassas e há que aproveitá-las quando surgem.
De tempos a tempos, talvez por influência de um vento forte ou por incitação de algum peixinho zangado, o mar voltava a empurrá-la para a praia por momentos e as feridas abriam-se de novo e ardiam com o sal na pele. Porém, valia-lhe a pena esperar para que o mar voltasse a ser lago, para que a serenidade invadisse o mundo ainda revolto e pudesse sentir para sempre as sensações únicas que só a água salgada sobre a pele sem feridas consegue proporcionar.
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