segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Mainstream

Era uma vez um país onde toda a gente queria ser original.
Os habitantes desse país afirmavam apenas ver aquele canal de TV que não tem qualquer audiência, orgulhavam-se de só gostar de bandas das quais ninguém nunca ouviu falar e era perfeitamente habitual ouvi-los dizer de maneira peremptória: "Ah! Não gosto, é demasiado comercial" ("comercial" quer dizer "mauzinho, mas como tu pareces gostar não vou dizer que é mau").
O adjectivo favorito dos habitantes desse país é "alternativo", e quando dizem que alguma coisa é alternativa querem dizer que ela é boa; mas cuidado, nunca se atrevam a opinar de forma contrária, pois serão vistos como uns parolos que gostam do que é "comercial" e essa é a pior ofensa possível. Todos os artistas autóctones só tinham valor quando eram probrezinhos e desconhecidos, porque a partir do momento em que obtinham o reconhecimento geral, passavam a ser uns "vendidos" e "comerciais".
O que mais fascinava nessas pessoas era o facto de que se pensassem um bocadinho perceberiam que a arte não perde qualidade por ser reconhecida, apenas chega a mais gente; e que ao fim ao cabo se todos querendo ser alternativos lemos, ouvimos e vemos o mesmo, isso se torna mainstream.

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