quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Feito um Posseiro

Devagarinho, subtilmente, ele começou a ocupar o teu lugar na minha cabeça. Não te preocupes, o caminho até ao coração está-lhe interdito. Mas se ele não fosse tão mais impossível que tu, quem sabe o que o futuro nos guardaria?

E o sol espreita...

Nos momentos de dúvida, em que tudo se questiona, em que o cepticismo se instala, em que as cores se esbatem com a chuva e em que a cabeça cansada não consegue ir mais além. Em que se "confirma" uma realidade bem mais absurda do que aquela que surgia na imaginação mais audaz; em que nem escolhas, nem decisões, nem lutas parecem fazer sentido. Há meninos de 15 anos que nos escrevem emails assim:
Obrigado :)
Quem não veio as provas tanto orais como escritas, foi porque não quis, porque informação não faltou: nas aulas, no blogue, um e-mail... Obrigado também pela lista dos verbos, estás em tudo. Duvidei em responder o e-mail mas pensei que gostarias do meu agradecimento, além disso que é o mínimo depois do teu trabalho.
Assim, é normal que goste imenso de estudar a tua língua :)
Cumprimentos, XXX.
PD: as provas não foram tão dramaticas... Foram para mim, que sou novo e inexperto, tentarei fazê-las melhor em junho e passar ao 2ºNI ;) [sic]

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Momento épico

Durante 12 anos de estudo da língua inglesa muitos foram aqueles que me ensinaram. No entanto, se à maioria me refiro pelo nome ou pela identificação do ano em que convivi com eles, se a duas por quem tenho um carinho particular acrescento um diminutivo, aquela pessoa a quem referencio como "a minha professora de inglês" é só uma, e todos os que me conhecem sabem quem é.
Espero que a SPA não me venha pedir contas mas há dois dias, no inicio de um exame, tive a oportunidade de utilizar uma das melhores frases que lhe ouvi em tantos anos de convivência (e ao tempo que eu esperava para o poder dizer). Estando dois alunos descaradamente a bichanar, pus a minha melhor cara de intranquilidade e lancei do alto do meu 1,58m:
- Ai que despistada que eu sou, esqueço-me sempre de avisar isto: o teste é individual.
Embaraço, caras vermelhas, olhares na mesa.
Professora, a sua afinadíssima ironia continua a funcionar!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Compras para o espírito

O objectivo era










mas à falta da cor e do modelo desejado tive que me virar para as manias de sempre:

"Valores mais altos se alevantam"

Por fim há a certeza de que num universo reduzido não existe lugar para mim.
E, de súbito, tudo mudou.
A alegria esvaiu-se (valeu enquanto durou), o sonho estatelou-se ao comprido - ou será que foi quem sonhava que se esborrachou no chão? -, a vida assumiu uma monótona gama de cinzentos.

Por um canudo

Amanhã...

Águas de Fevereiro

Há um nó na garganta. Há um murro no estômago. Há vontade de lágrimas quando se deixa de ouvir a voz que nos acalma. Há sentir-se só no mundo quando se estende a mão e ninguém a toma na sua. Há o desespero. Há a estrada... ... ...
Há racionalizar. Há pensar em superação. Há querer muito, mesmo que se saiba que o futuro que ontem estava perto afinal ficou mais longe. Há a impossibilidade de um sorriso. Há o pensar em mil cenários. Há o ver que nenhum é perfeito.
Há uma cabeça a dar voltas e um abismo a abrir-se debaixo dos pés. Há a vertigem de cair.
Há ter a perfeita noção de que ainda que hoje nada seja o que ontem foi, há trabalho pela frente para ajudar a não pensar no pior.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Não quero mudar

Estava tão sossegada no meu cantinho, protegida pelas muralhas do meu castelo imaginário, até que chegaste tu. Sinto-me frágil, meço cada acto, penso e repenso cada conversa. Não me apetece voltar a abrir portas para que uma saída extemporânea me deixe um buraco na parede. Os buracos sentimentais são tão difíceis de tapar com tijolos e cimento.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Nem contigo, nem sem ti

Não podia acreditar quando as minhas suspeitas se confirmaram: enquanto estás eu não posso estar, quando vens eu tenho que ficar em casa. É curioso que depois disso, se sou vista com alguém tenhas guarda-costas de serviço para interromper.

Ciúmes por interposta pessoa

Sabes que é muito perigoso deixar que outros guardem aquilo que achamos ser nosso por direito?

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Amanhã ao alcance

Quando o tempo de balanços recomeça, continuas a ser a primeira imagem presente na lista que há dentro da minha cabeça. Já não és o último pensamento ao deitar. Não sei se chegaste a ser o primeiro da manhã. Sei que nunca foste todo o meu mundo. Mas ainda assim, continuo a recordar-te no momento de pesar passado, presente e futuro.

Hoje o futuro parece mais próximo e tu já não tens lugar - nem mesmo como actor secundário - no meu guião.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Risk is just a board game

Ao apercebermo-nos que a armadura que nos envolve e os muros que nos protegem são tão fáceis de penetrar, sentimo-nos um bocadinho ridículos por anos de minuciosa organização estratégica.
Numa outra vida, num passado remoto, houve datas importantes que deixaram de ter significado. Houve canções que perderam o sentido. Houve palavras que nunca mais foram sequer iniciadas. Houve um mundo a desabar debaixo de um par de pés que não voltaram a encontrar chão seguro.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Auto-protecção

Não é fácil entender quando a razão nega respostas e é no (pouco trabalhado) campo dos sentimentos que se encontra a solução. Se aquilo de que se foge decide esmurrar-nos no estômago ou abraçar-nos com ternura, o resultado parece ser o mesmo.
O que fazer quando a cabeça pede causas para uma queda clara e, por mais que se vasculhe, estas não se encontram senão abrindo a caixa de pandora que nos vive no peito?

One of a kind


No canteiro em que vivemos, todos queremos marcar pela diferença, não percebendo que há muito pouco que nos distinga no meio da multidão. Depois há aqueles que por serem especiais sobressaem sem qualquer esforço - talvez por serem demasiado importantes para tantos acabem por se fazer notar.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Rosinha


Chegar a casa e ler nos jornais que a prateleira da minha estante que lhe é dedicada não aumentará fez-me um bocadinho órfã. Habituei-me a vê-la na TV quando era pequena, ouvi e li-lhe a poesia ao longo de toda a vida, assistir ao crescimento da romancista foi uma experiência inesquecível. Recomendei-a mil vezes, a amigos, alunos, conhecidos; emprestei os livros como quem revela tesouros.

Relembro a última conversa no meio da Feira do Livro, enquanto me autografava o último dobrão de ouro:
Ela: Então? Outra vez por cá?
Eu: Pois é, já sabe que os fiéis somos assim, todos os anos a vimos visitar.
Ela: É muito bom saber que há quem goste do que escrevo.
Eu: Sabe que sim, tenho todos os seus livros.
Ela: Todos? E assinados?
Eu: Não, isso só os últimos.
Ela: Traga o resto da próxima vez.
Eu: Olhe que trago mesmo.
Ela: Fico à espera. Até para o ano.
Afastei-me com um sorriso, com a noção de que há rituais (como o da Feira do Livro) que nos dão alegrias inexplicáveis.
Em Junho, o Parque vai estar muito mais vazio. As letras portuguesas já estão mais pobres.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

The only thing that matters is the everlasting present*

Hoje chegou o meu novo vizinho da frente, de ar simpático e pachorrento. As vizinhas do lado já não se sentem tão sozinhas. Há sol, há uma praia quase vazia a cinco minutos da escola, há vontade de abraçar o mundo.
*Somerset Maugham

Mais perto de Marrocos do que de Lisboa

Há dias em que o coração encolhe até não poder mais pela falta daqueles sorrisos rasgados e deliciosos que me acolhem cada vez que nos vemos.