terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Jinxed

Porque é que até as questões mais simples acabam sempre por ser lutas incessantes? Será este azar uma história interminável? Não sei quanto tempo mais o corpo aguenta, o cérebro, esse já desistiu há muito.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Para ti


Uma das mais belas surpresas que algum dia me fizeram veio (obviamente) por parte de uma das minhas amigas mais sábias. Aquela menina (para mim sempre) pequena em idade (temos uns quantos anos de diferença) que me dá paz e confiança, que me tranquiliza e diz verdades retumbantes impossíveis de pôr em causa. Essa menina especial – que considero como uma irmã pequena – disse-me um certo domingo de maio, do alto dos seus 15 ou 16 anos (já não consigo ser específica):

Feliz dia da mãe! Porque a nossa mãe é aquela que nos cuida e nos quer bem, nos obriga a estudar quando não queremos e nos ouve em todos os momentos. E eu sei que não tens filhos e que por isso achas que este dia não é para ti, mas é.

E eu, sem ser capaz de abarcar num só coração tanta doçura e generosidade, ainda por cima vindas de alguém que luta diariamente para se manter como a mais dura do universo, não consegui fazer mais do que agradecer e chorar.

Ontem e hoje tenho-me lembrado todo o dia destas frases dela. Talvez porque lhe sinta muito a falta e tenha saudades. Talvez porque há um ano que não nos vemos pessoalmente. Talvez porque esta conversa me fez pensar muito nesse mesmo dia e muitas outras vezes depois.

Nunca senti esse chamamento da natureza que muitas mulheres sentem e que as faz ter a certeza de que querem ser mães. Sempre pensei que se surgisse o momento, a situação e a pessoa ideal talvez fosse uma possibilidade, mas nunca mo pus como objetivo. E sei que há muitos que não entendem esta opção, mas é a minha e penso continuar a abraçá-la, aplaudindo de pé todos aqueles que decidiram lançar-se na aventura de ter filhos.
Contudo, tenho uma mania frustrada (e por vezes frustrante) de meter debaixo da minha asa aqueles de quem gosto, de proteger e dar apoio, de me esforçar por que se sintam queridos e confortáveis nesse lugarzinho que o mundo disponibilizou para eles dentro do meu coração. Era provavelmente a essa mania que a lindíssima R. se estava a referir quando me dizia que o dia da mãe era para mim.

Venho aqui hoje, contar este momento secreto entre a R. e eu, porque faz mais sentido do que nunca. Porque há outro alguém que vive longe de mim, e que eu queria estar a proteger neste momento mas sei que não posso. Sei que a única coisa que posso fazer é abrir-lhe os braços, ouvir-lhe as mágoas se mas quiser contar, tentar lutar para que encontre o chão que lhe anda a fugir, correr ao seu encontro assim que pudermos e entreter-lhe a razão com coisas mundanas para que possa descansar do turbilhão para onde a tristeza nos atira quando chega.
Estou aqui como ontem e como sempre, não fui para lado nenhum. Umas centenas de kms não são nada comparados com a nossa amizade.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Figuras d'Estilo - o que não publiquei em abril de 2011

Há um ano e tal, o meu coração dizia assim:

Foi também aqui que tudo começou.

É através daqui que digo o que preciso, sabendo que só te chegará se quiseres, porque não te quero invadir. Quero respeitar a tua vontade e os teus pedidos. Sei que é o não pressionar que me perde sempre mas tudo o que sinto por ti (e que é tanto) não me permite mais do que esperar que entendas de novo que a felicidade se faz dos pequenos nadas e não dos grandes sacrifícios - porque foste tu que mo ensinaste.

Fomos muito felizes, não fomos?

Não sei se te assusta a possibilidade de lado lunar, não sei se te intimida o futuro desconhecido, não sei se não dei o suficiente enquanto durou o mar.

Sei que tens medo. Que as dúvidas te assaltam segundo a segundo. Não quero instigá-las porque não quero que sofras, não se eu o puder evitar.

Hoje diz que escreveria o mesmo uma e outra vez, que te repetiria aos sete ventos palavras doces e conciliadoras, que se não as disse nem a ti nem a ninguém nesse momento era porque sabia que não iam solucionar nada e só iam ajudar a baralhar ainda mais tudo o que já estava num caos.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Rúbrica: "Posts que nunca foram publicados" - 30 de janeiro de 2011

Hoje,
andei na rua de megafone,
a apregoar o teu nome
e o amor que sinto por ti.


Não é completamente verdade que tenha gritado aos sete ventos o teu nome mas falei de ti com a naturalidade dos amantes e sinto-me muito feliz por não te ter escondido.

Memória não seletiva

Os momentos mais marcantes (bons ou maus) chamam-se assim porque nos mudam, deixam-nos uma cicatriz na alma, fazem de nós pessoas diferentes, mesmo quando não queríamos mudar. É depois desses momentos que entendemos - até os mais controladores, racionais e equilibrados - que nem sempre somos donos do nosso destino e que o auto-convencimento tem um limite. 

Algum tempo depois do último momento de mudança (ou do turbilhão de acontecimentos sucessivos que me forçaram a mudar novamente) olho para trás e percebo que não era dona da minha vida nessa altura, que me deixei levar pela maré dos acontecimentos porque lutar contra ela não fazia mais do que esgotar-me. E adaptei-me, ao que veio, ao que não veio, aos sonhos desfeitos e aos concretizados. Provavelmente errei muito ao longo desses dias, porém, era o que precisava de fazer e fi-lo quando tinha de ser feito. Tive a perfeita e completa noção de que a realidade (a minha própria realidade) tinha deixado de me pertencer e a única arma à disposição era não me mentir nem me enganar a mim mesma. 

Sou outra pessoa hoje em dia: menos ilusões, menos sonhos, mais projetos. Quero fazer e não só sonhar. 
E preciso de aprender a viver com esta tristeza permanente (que me dá descanso em determinados momentos, claro está), mas que,enquanto não aceitar em mim, enquanto continuar a tentar reunir anticorpos para a eliminar, mais vai atacar o meu sistema imunitário e enfraquecer-me. 
Somos o que vivemos, coisas boas e más, e, infelizmente, não podemos esquecer aquelas situações que nos fizeram sofrer muito; no entanto, é essa memória que nos faz agradecer e recordar os momentos de suprema felicidade. Para nos podermos lembrar do bom, temos de aprender a ter o mau acomodado e domado dentro do peito.