sábado, 28 de maio de 2011

Perspectiva

A linha onde todas as linhas confluem, aquela que nunca nos abandona e nos vigia desde longe, parecia um pouco menos esbatida no dia anterior. Parecia querer definir um horizonte de tranquilidade e cordialidade; horizonte esse que, naquele momento, era a maior aspiração dela. Porém, quando a nitidez se começava a tentar instalar, uma nova bátega de temporal abateu-se sobre o mundo e fez com que as bases lhe voltassem a tremer. A realidade que a envolvia e que tinha passado a tons cinza, voltou a parecer negra.

Pensava consigo mesma - coisa que não parara de fazer nos últimos tempos - que se o traço de fundo se definisse, talvez tivesse uma oportunidade de encontrar a saída.

Fairy Tales



Na altura em que a céptica se apaixonou por uma ficção infantil, esta canção era uma constante nos seus dias. Hoje apeteceu-me voltar a ouvir a Marta e o Miguel e a ver a Lili / Madalena e o Lucas. Afinal de contas, é tão bom voltar aos amigos de longa data.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Camponeses e Lobisomens 2

Com só um olhar podemos dizer o mundo.
Os diferentes lados da mesma história revelam predadores e inocentes díspares, e há que defender-se contra os possíveis ataques que estão por chegar.

Camponeses e Lobisomens

Enquanto não se apanha(m) o(s) culpado(s) continuarão a desaparecer aldeões. 
Aquele que mais vê, normalmente é o mais ignorado.
As suspeitas pululam na vila, todos desconfiam de todos, todos têm de chegar a acordos para conseguirem sobreviver. 

Estas são as premissas de um dos meus jogos de oralidade favoritos (Thanks, northern boy!) e que mais diverte o público que assiste às minhas aulas diariamente. Repeti-lo-ei hoje e amanhã, para que eles levem deste ano (e de mim) uma boa recordação. Espero poder voltar um dia, mais leve e com o coração mais limpo, porque eu sei que apesar de tudo, aqueles que verdadeiramente importam, vão sentir um pouquinho a minha falta.

domingo, 22 de maio de 2011

Party!


Há sete anos, depois de uma conversa telefónica e com todas as ilusões do mundo, duas amigas separadas por cerca de 200 kms decidiram criar um blogue. Não que tivessem aspirações literárias, nem sequer era questão de querem ter uma voz para falarem ao mundo, era uma brincadeira, uma maneira de se manterem em contacto, uma forma de entrarem num mundo do qual, até aí, apenas eram espectadoras.
Vieram os artigos (mais de 1800), os visitantes, as pequenas (e grandes) vitórias, as alegrias, as desilusões e algumas lágrimas. Veio um mundo novo, uma vida a evoluir com duas únicas constantes: o espacinho virtual e a amizade que as une. Agora são bem mais os quilómetros que as separam, as vidas mudaram muito, as rotinas são outras, o contacto deixou de ser diário.

Num dia em que pensava não ter muito para festejar, olho para trás 7 anos e ouço a Jess a gritar "Party!!!"  como outrora, e o misto de emoção e felicidade molha-me o rosto. É tão bom saber que continuas aí, amiga, é tão bom ver que apesar de tudo o nosso recanto na blogosfera continua a ser o que sempre foi e ainda há quem queira ler-nos.
Parabéns para ti, amiguinha, pelo Figuras: pelo esforço, pela qualidade, pelo empenho e principalmente pela amizade.

Lux

Apesar da cor ser a mesma, a luz de antes era de outro cariz. Era uma dúvida, uma incerteza, sim, mas de se actuar ou ficar quieta, de se abrir a alma ao exterior ou encerrar-me na minha ostra particular. Fui contra mim mesma, aceitei voltar ao mundo de todos, não me arrependo porque o bom foi muito bom, mas os ensinamentos que daí retirei foram e são dolorosos.

A de agora também tem a cor da esperança, mas já não espera nada. Fica sentada, a contemplar o outro lado de uma baía de águas serenas e deseja que esse seja o futuro: o da inércia, o do não sentir, o do não excesso. Sem abundâncias desnecessárias e com a tranquilidade que o mar contido pela terra oferece. Nem sequer nadar, seria movimento a mais.

Talvez encontre algures no horizonte os olhos de Jay Gatsby e num momento de lucidez finalmente lhe entenda a resignação de esperar sem esperar, de ficar prostrado perante um futuro que não lhe serve mas a que está condenado.

sábado, 21 de maio de 2011

Roubos da alma

Disseram-me ontem que era fotogénica e natural depois de me tirarem um retrato. Lembrei-me, invariavelmente, de ti. De como fotografar era uma coisa só nossa, de como jamais saí tão bem numa foto até te conhecer. Não sei se era a plenitude dos sentimentos que aparecia através da lente ou se era a frase mágica que me dizias antes de carregar no botão, o que fazia que a minha aura se iluminasse e eu até parecesse mais ou menos em fotografias tiradas por ti.

O fim do mundo

Diz um movimento cristão americano que hoje é o dia do julgamento final. Ainda não senti nada. Porém, se fosse verdade, não tenho a mais pequena dúvida de como gostaria de passar as minhas últimas horas.

Um grande filme, boa companhia, um jantar agradável e a certeza de que me iria, amada, desejada e querida. Tenho vontade de voltar a ver este filme, porque há anos que não o vejo e a beleza a que nos transporta é inigualável.

Para além disso, há algo naquela tecedora de imagens e histórias que me faz sentir identificada.

Nas malhas de ficção

Escrevo, e escrevo, e escrevo. Lentamente. Não como antes em que a escrita compulsiva tomava conta de mim e me fazia redigir páginas e páginas seguidas sem parar para respirar. Agora é uma coisa mais serena, talvez por ter crescido, muito provavelmente porque agora já não há público e o faço para mim mesma.
Enquanto escrevo, vou escondendo, detrás de cada palavra uma história por contar. Por trás de cada momento um segredo bem guardado. Tapando com mil frases, disfarçando com outros nomes, outras caras e outros acontecimento, a catarse que preciso.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

SMBN

Dançámos. Num abraço relativamente apertado. Com cabeças encostadas e queixos encaixados em ombros. Porque tu quiseste, já que eu me sinto ridícula nessa actividade para a qual não tenho qualquer aptidão.

Hoje, sentada no meu sofá, enquanto corrijo uma pilha de redacções e ouço música nova, olho em frente e vejo-nos, desde fora, a iniciar algo que não pôde ser mas que foi "close to perfection". E sorrio. Esse (o sorriso) é impossível roubá-lo do meu rosto quando recordo momentos especiais.

domingo, 15 de maio de 2011

Era uma casa muito engraçada...


Recobrar forças para conseguir avançar é uma rota dolorosa, porque nos agarramos à felicidade passada, não entendendo que se já falamos no passado é porque há que tentar encontrar outros aliciantes na vida.
A minha casa nova (ainda que não saiba se a conseguirei manter tal e como a imaginei num futuro próximo) é o meu empurrão para deixar a tristeza. Primeiro foi a escolha, a compra, as obras que quis fazer. Depois os móveis, brincar aos legos, ver como tudo encaixava numa síntese perfeita da imagem na minha cabeça. Os momentos partilhados com aqueles a quem mais quero, a fazer planos e a ser feliz. E ainda que cada recanto me traga memórias... e ainda que cada memória me provoque um nó... sou feliz neste espacinho só meu: o meu jardim secreto.
Tenho paredes turquesa e paredes vermelhas. Tenho paredes que ainda esperam que eu lhes dê uma de mão. Tenho uma semana de carpintaria pela frente, que me trará remates e ordem.
Contudo, e como prémio pessoal para aguentar melhor este Verão que aí vem, ofereci-me um terraço, é grande, vê-se um castelo e agora já tem mesa e cadeiras para poder receber quem eu quiser.

There is a castle on a cloud


I know a place where no one's lost,
I know a place where no one cries,
Crying, at all, is not allowed,
Not in my castle on a cloud.

Where is it, Cosette?

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Começar de novo (outra vez)



Quando do amor se passa ao ódio, quando o carinho e a ternura se transformam em despeito e rancor, quando do bom se faz mau. Quando alguém quer tanto que passa os dias a duvidar acerca do seu próprio destino para facilitar outra vida, leva pontapés definitivos a cada passo do caminho. Enerva-se, desespera, chora de raiva e de tristeza e depois percebe que talvez o que hoje parece mau, amanhã seja o melhor (ou disso tenta convencer-se).

terça-feira, 10 de maio de 2011

Guilt

Haverá um momento em que a felicidade dos outros deixe de doer como se de um murro no estômago se tratasse? E não é porque não nos alegremos por eles, se os amamos, se são importantes, claro que nos alegra o coração vê-los bem. Contudo, a dor que provoca a nossa própria tristeza parece tão mais insuportável por comparação.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Window 2.9

Siempre los cariñitos...

Aprender a deixar-nos amar é difícil. Permitir que nos ajudem, mais ainda. Descobrir em nós a necessidade de pedir ajuda, um suplício.
A independência, a liberdade, a segurança, a auto-confiança, não são mais do que máscaras, muitas vezes, escondem tristeza, melancolia, solidão, um deserto interior. Podem, obviamente, não esconder nada, e não passar de características pessoais. Mas isso, só o sabe quem sente e nunca quem está de fora.
Abandonou-me a força mas não a vontade de lutar. E estar a descobrir um mundo de braços abertos é o mais positivo que me podia acontecer neste momento.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Sergio

Diz o apelido que escolheu que é dele a alma. E é assim que o descreveria, todo alma, com uma voz impressionantemente rouca mas com uma amplitude de registo surpreendente, um carisma único, uma presença marcante e humilde ao mesmo tempo.
Foram muitas as que subiram ao palco com a emoção, sem controlar os movimentos e recebeu-as todas como se fosse normal. Com o mesmo sorriso, com a mesma simplicidade com que nos cantou durante 1h30m.
A mim, encantou-me há 20 anos num Festival da Eurovisão, quando piscou o olho para a câmara e falava em dançar agarradinhos. Fez-me sonhar durante anos: foi a minha primeira paixão espanhola. Vi-o há quase uma semana e superou todas as expectativas.
Obrigada Sergio, por uma maravilhosa noite na melhor das companhias: a tua!

terça-feira, 3 de maio de 2011

Realidade ou ficção?

Encolhia-se-lhe o estômago com uma necessidade compulsiva e inexplicável de voltar a escrever. Mas escrever em extensão, como fizera anos antes. Pensava que já não ia conseguir, que já não sairia nada, pensava também que o seu público já se fora e que agora este seria também (como o canto) um prazer solitário e umbiguista.
Numa folha em branco delineou a história que levava dentro, a apertar-lhe o coração. Ficcionalizou tudo. Deu caras e corpos às personagens. Mudou-lhes os nomes mil vezes. Inventou espaços, actividades e diálogos inteligentes. Contou um relato em tudo diferente do seu, que, contudo, catarticamente falando, não era mais do que um palimpsesto de tudo o que a estava a avassalar desde havia meses.

domingo, 1 de maio de 2011

Algarve



Não é são as praias, nem a promessa de sol. Não são as saídas à noite, nem nada do que se possa pensar. São as pessoas que me esperam que me fazem mergulhar numa viagem de quase 4 horas que se repetirá amanhã e que sei que me vai compensar como nunca.
Adoro-vos aos dois!