Fugiu devagarinho sem que eu desse conta, mas um dia acordei e não conseguia cheirar. Não me faz falta, pensei. Mas só agora, uns meses depois, percebi que estou a perder sensações fantásticas como sentir crescer água na boca.
domingo, 29 de outubro de 2006
Senhora de idade
Percebes que estás velha quando os miúdos na escola dizem coisas como Ganda barra e tu não sabes o que isso é. O que é feito do Que cena ou do Que fixe do meu tempo?
Lição nº 1
Quando estás a dar um sermão a uma plateia de miúdos de oito anos, lembra-te de não terminar com Parecem crianças.
sexta-feira, 27 de outubro de 2006
Valeu a pena
As saudades do mundo académico em geral e do da tradução em particular ajudou-me a decidir por mais umas centenas de kms, esta semana, para assistir ao curso EN OTRAS PALABRAS. La traducción literaria entre español y portugués, integrado no projecto Ágora - O Debate Peninsular.
Ainda bem que não me deixei vencer pela preguiça, foi bom rever (e re-ouvir, se é que o termo existe) Inês Pedrosa, Almeida Faria, Fernando Pinto do Amaral, Miguel Serras Pereira e Francisco Vale, foi muito bom descobrir Perfecto Cuadrado, Helena Pitta e principalmente Antonio Sáez Delgado.
A felicidade faz-se de decisões assim, à última da hora e sem pensar demasiado.
Aquela nuvem e outras
Foi Eugénio, foi este livro em concreto (e que já não sei quem me ofereceu), que fez nascer em mim uma das maiores paixões: aquela que nutro pela poesia portuguesa.
quinta-feira, 26 de outubro de 2006
Jacinta no CAE
Vi mal a data do espectáculo e suponho que já não encontrarei bilhetes. Bolas! No entanto, fica a nota que prometi à Moi-je-io. É dia 28 deste mês, no Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre. Alguém quer vir?
Frases sábias
Diz Donna na versão espanhola do musical Mamma Mia:
- Yo no me acercaria, muerdo más que ladro!
- Yo no me acercaria, muerdo más que ladro!
Reminders
Por causa do tempo passado do outro lado da fronteira, por causa das conversas com os amigos do lado de lá (e do outro lado do Atlântico também), por causa dos livros, do cinema, da música, há interferências - e adaptações apressadas - que se intrometeram no meu léxico e não querem ir embora. A lembrar, em português:
- diz-se "é igual" e não "dá igual" (obrigada Mir)
- escreve-se "surpresa" e não "sorpresa"
- "desfruta-se" de alguma coisa, não se "disfruta"
(Temo que a lista não termine por aqui.)
- diz-se "é igual" e não "dá igual" (obrigada Mir)
- escreve-se "surpresa" e não "sorpresa"
- "desfruta-se" de alguma coisa, não se "disfruta"
(Temo que a lista não termine por aqui.)
Lições paternais
Em tempos de IEFP o meu pai tinha pendurado no gabinete um poster com uma frase que costumava repetir até exaustão, agora que cresci vejo que esta lição de vida é primordial em qualquer percurso humano.
"Se te derem pontapés no traseiro, não te preocupes, é sinal que vais à frente."
Sempre nos vão surgir obstáculos, invejas, ciúmes, pessoas com poucos escrúpulos; o melhor é não dar demasiada atenção e prosseguir no caminho que traçámos para nós.
"Se te derem pontapés no traseiro, não te preocupes, é sinal que vais à frente."
Sempre nos vão surgir obstáculos, invejas, ciúmes, pessoas com poucos escrúpulos; o melhor é não dar demasiada atenção e prosseguir no caminho que traçámos para nós.
domingo, 22 de outubro de 2006
Máximas no Messenger
Os homens são como os cromos, alguns guardamo-los na caderneta enquanto esperamos por aquele único e especial que sabemos estar algures guardado para nós, outros vão imediatamente para o montinho dos "para a troca".
Um deserto na F1
A desertificação começou (para mim) em Imola nos idos de 94 e a aridez toma hoje conta do desporto que me apaixonava em criança e adolescente.
foto daqui
Pensei em escrever este post mais tarde ou amanhã, quando a despedida já tivesse acontecido, mas o que é que vai mudar? Deixará Schumacher de ser 9 vezes campeão do mundo por não conquistar Interlagos hoje? Esquecer-se-á a carreira brilhante de "Schumi" acaso o resultado desta noite não for mais um campeonato ganho? Definitivamente controverso e genial, Michael Schumacher deixa, a 22 de Outubro de 2006, muito mais pobre o mundo da Fórmula 1.
E que os que ontem o insultavam consigam amanhã metade do que ele atingiu.
As coisas que fazemos
ou Post absurdamente acéfalo
Uma colega de Faculdade contou-me a determinada altura, que nos seus tempos de ensino secundário, se divertia a acrescentar as frases "de cú para cima" e "de cú para baixo", alternadamente, depois de cada pausa nos versos da poesia nacional. Ontem, deparei-me no Latrina Pública com uma actividade semelhante na forma ainda que não no conteúdo (eles alteram provérbios e com frases bastante mais hardcore), por isso, caro GV, aqui vão algumas das pérolas da literatura portuguesa devidamente conspurcadas (que me perdoem Florbela, Pessoa e Garrett) .
Ser poeta é ser mais alto de cú para cima, é ser maior de cú para baixo
Do que os homens de cú para cima! Morder como quem beija de cú para baixo!
É ser mendigo e dar como quem seja de cú para cima
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor de cú para baixo! [...]
Do que os homens de cú para cima! Morder como quem beija de cú para baixo!
É ser mendigo e dar como quem seja de cú para cima
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor de cú para baixo! [...]
* * *
[...] E os que lêem o que escreve de cú para cima,
Na dor lida sentem bem de cú para baixo,
Não as duas que ele teve de cú para cima,
Mas só a que eles não têm de cú para baixo. [...]
* * *
[...] Não te amo de cú para cima, quero-te de cú para baixo: o amor vem d'alma de cú para cima.
E eu n'alma tenho a calma de cú para baixo,
A calma do jazigo de cú para cima.
Ai de cú para baixo! Não te amo de cú para cima, não de cú para baixo. [...]
quinta-feira, 19 de outubro de 2006
Televisão meteorológica
O meu televisor é especial, muda com o tempo, só quando chove é que a estação de Queluz se vê nítida.
De Portalegre, cidade...
Quem nos conheça, ou até mesmo os que apenas nos tenham encontrado nestas lides virtuais, saberá que a Mir e eu somos amigas de toda a vida e irmãs de coração. Como pessoas diferentes que somos, tomámos rumos distintos e vemo-nos de vez em quando. Esses caminhos que escolhemos levaram-nos a portos de ancoragem geograficamente distantes: ela ficou-se pela capital e eu voltei à terra que nos viu nascer. Diz ela:
Queridíssima, há-os (coitados) que quiseram sair e por contigências da vida não puderam fazê-lo, é uma pena por eles, todos deveriamos ter a possibilidade de ser felizes num sítio que nos fizesse sentir verdadeiramente em casa.
Há também aqueles que como eu, sabendo que não ia ser fácil, sabendo que iriamos ser vistos como "estranhos" decidimos voltar, porque amamos este verde e este chão, porque queremos ajudar a fazer da nossa cidade um sítio onde aqueles que cá querem morar se sintam em casa, porque queremos que os nossos filhos (aqueles que não planeamos sequer ter) possam crescer na tranquilidade de andar de bicicleta até à meia-noite no verão, possam fazer uma actividade diferente por dia em tempos de escola, possam ter-nos presentes ao sair e ao voltar, sem que para isso tenhamos que abdicar da realização profissional. Uma cidade onde pode ser incómodo conhecer toda a gente e onde os rumores voam ao sabor do vento, mas onde há um sorriso a cada esquina de alguém que viste sempre.
A nossa cidade tem muitos defeitos - a paragem no tempo, a falta de saídas profissionais e as más-línguas, são para mim os piores - mas tem também um sem-fim de virtudes. Eu gosto de acordar de manhã e ver a Serra, gosto da tranquilidade, gosto de ver gravado em cada recanto (meu) um momento feliz que passei e saber que outros vou poder imprimir nestas ruas e paredes, gosto de no verão ter uma piscina rodeada de verde quase só para mim. Chama-me sonhadora, mas eu quero ajudar a mudar o pequeno mundo em que cresci e por isso lutarei enquanto viva. Nem todos somos coitados, querida amiga, os que pudemos escolher e escolhemos Portalegre, somos felizes aqui, por pouco que haja para fazer, por pouca oferta que exista. E por muito que critiquemos, porque nunca estamos completamente satisfeitos ou não seriamos humanos, somos mais felizes aqui do que em qualquer outra parte do mundo, não é a falta de conhecimento que proporciona isso, é a possibilidade de opção. Ainda para mais, Lisboa está só a um pulinho de duas horas, se nos apetecer uns dias de mais bulício.
Um escolha diferente da nossa, nem sempre é uma má escolha, é apenas isso: diferente!
Post dirigidíssimo - sim, é para ti!
Lamento que a nossa amizade se resuma ao que é neste momento: dois telefonemas por ano, conversa de circunstância, talvez uma felicitação de Natal (se eu mandar a minha, claro). Não te vejo há dois anos, não sabes nada de mim, e fartei-me de correr a maratona atrás de algo que (para ti primeiro, para mim depois) perdeu o significado. Uma amizade faz-se de reciprocidade e não de mentiras, frases que magoam e uma ausência que se prolonga mais e mais. Conseguiste aquilo que querias, desisti de ti, agora não voltes a esperar a minha disponibilidade, o meu ombro ou a minha companhia. Não sei se acabou antes ou quando na sexta-feira passada me disseste - com todas as letras - que dormir, fazer compras e aquilo que propositadamente escondeste (mas outros se encarregaram de revelar) era mais importante do que estar comigo.
Espero que tenhas uma vida muito feliz, na terra ou no ar, como prefiras, daqui não esperes muito mais, porque eu estou cansada das tuas falsidades.
Acidente(zinho)
Dói-me o pescoço! Para além disso sinto como se um tractor me tivesse passado por cima, e estou estoirada (assim que me levanto).
Na segunda-feira bateram-me.
Parada, à espera para entrar numa rotunda um senhor enfaixou-se contra a traseira do meu carro, enfiando-me o pára-choques para dentro. Não há palavras que possam descrever o susto, nem o alívio subsequente ao perceber que, felizmente, mais ninguém circulava naquele momento já que fui "atirada" para o meio da dita rotunda. Já passou. Ficaram as dores no corpo e a certeza de que para três pessoas muito especiais eu também o sou, vi-lhes a preocupação estampada dos rostos e na voz.
Mas o meu maior obrigada vai para uma menina linda, de três anos, que sem noção do que se tinha acabado de passar se agarrou às minhas pernas, me deu um abraço do tamanho do mundo e me puxou para irmos brincar. Kita, foste tu quem me trouxe paz; se já te adorava antes, imagina agora.
E eu pensava que este tinha sido o culminar de uns dias difíceis...
Fim-de-semana alargado
Como boa balança a opção eleita é sempre pesar o positivo e o negativo de cada situação. Do sabor amargo não vale a pena rezar a história, como diria uma das minhas personagens favoritas de Ally McBeal: "let bygones be bygones". Do positivo há que salientar o Assobio da Cobra, rever a minha prima, o bolo de cenoura e nozes da D., o jantar de domingo (e seus comensais), ... a amizade da Jess, sempre!
Vale sempre a pena encarar a vida por tudo de bom que tem.
sexta-feira, 13 de outubro de 2006
For a change
O que ontem era verdade deixou de o ser.
Vesti a armadura (com saia mini, claro), saquei do escudo e da espada e rumei em frente. Agora a protagonista sou eu, vou começar a preocupar-me comigo. Há quem já me tenha ovacionado de pé (foi bom conhecer uma amiga como tu), há aqueles que não esperava e se lembraram de mim, há-os de outros tipos também. Importam-me os que levo no coração e esses não duvidam do lugar que têm em mim.
Acrescentei à lista de intertextos reais duas pessoas novas, é bom ganhar amigos sem esperarmos.
It's party time
Parabéns a você, nesta gata querida, muitas felicidades, muitos anos de vida. Hoje é dio de festa, cantam as nossas palmas, para a menina mafaldinha, uma salva de palmas!
(Assim, só para ti, tal como é cantado pela minha doida!)
quinta-feira, 12 de outubro de 2006
Contos
Depois de escrever o primeiro enchi-me de orgulho e de planos para os seguintes.
Acabaram. Deixaram de fazer sentido.
Não é que o não soubesse, é que dói na mesma; magoa acreditar e sem acreditar não há saída.
Tu foste o meu maior conto; nunca exististe, criei-te e deixei-me levar pela ficção macia e doce da tua existência. Mas eras mentira. E uma mentira nunca pode aconchegar-nos a vida inteira.
Agora quero que acabes, que deixes de ser em mim, para poder lançar-me noutras narrativas, diferentes, com mais diegese, que me preencham tanto e me façam sofrer menos.
E se as não houver (se a musa se decidir por outras paragens), aceitá-lo-ei sonhando que devias ter sido tu, um dia.
damaged goods
Quem nunca o foi não consegue entender o que se sente. Só deviam poder opinar no dia em que sentissem na pele a humilhação de ser menos.
It's rainning again, oh no...
Foto daqui
O Instituto de Meteorologia diz que vai haver sol nos próximos dias. Cá dentro nem por isso.
quarta-feira, 11 de outubro de 2006
Dicionário pessoal
Qual é a diferença entre perseverança e obstinação? Uma é uma qualidade e a outra um defeito, certo?
Sempre pensei que perseverante é alguém que luta por aquilo em que acredita e só desiste perante da impossibilidade; obstinado é aquele que ainda que saiba que corre atrás do impossível nunca vê o momento de parar.
Ou será que perseverança é aquilo que chamo à minha própria obstinação?
domingo, 8 de outubro de 2006
It sure brings back memories *
Quem não se lembra da canção dos sapinhos? Eu dou o mote...
Win or lose, sink or swim
One thing is certain well never give in
Side by side, hand in hand
We all stand together
* frase tirada da saudosa série Dear John
quinta-feira, 5 de outubro de 2006
O teu nome é tão formal
Apesar de nunca te ter chamado assim - trato sempre as pessoas pelo nome próprio ou por um qualquer diminutivo dele derivado - gostava quando assinavas com as tuas iniciais, parecias-me mais tu.
domingo, 1 de outubro de 2006
Sedimentos II
As generalizações são sempre injustas! Claro que há relações que perduram e superam as dificuldades da erosão. É preciso muita amizade, muito amor, mas é atingível. Os que ficam são aqueles com quem fomos mais maleáveis, e que o souberam ser connosco; os que nos aceitaram com os defeitos do passado e também com os que fomos adquirindo pelo caminho. Aqueles que não estão sempre a julgar as nossas atitudes por muito que não as entendam, que nos passam a mão na cabeça se é preciso e nos dão um puxão de orelhas no momento certo.
As relações (a par de tudo o resto) ou evoluem ou morrem. Tal como na teoria de Darwin, apenas as mais fortes conseguem sobreviver.
Sedimentos
É duro entender que com a passagem do tempo também as pessoas mudem e que aqueles que nos eram mais próximos, hoje já não sejam os mesmos e já não nos identifiquemos com eles. Tudo aquilo porque passamos na vida, deixa uma marca, um sulco, uma ruga, e altera os nossos comportamentos e atitudes inevitavelmente. Mas os sentimentos não, esses ficam intactos, sempre à espera que tudo volte.
Como não vemos que mudámos não queremos que os demais estejam diferentes, queremos que as relações continuem iguais ao que foram, porque assim sentimo-nos mais aconchegados. Tal como nós crescemos com os anos, também o fizeram os que ontem estavam ao nosso lado. Não seria mais fácil aceitar os outros com as suas mudanças do que ficarmos magoados por nada ser igual ao passado que nos uniu? Tento sempre não julgar os meus amigos (de hoje e de ontem) porque sei que também eles não me reconhecem, mas custa quando vejo que já não há laços, só um passado comum e nenhuma perspectiva de futuro.
Príncipes?
Esse departamento deixo-o com a ruiva, o único príncipe em que eu acredito não é encantado, é recheado.
E até ele mudou de receita...
Quando com uma frase me tiraram 10 anos
Sexta-feira, 29 de Setembro, Madrid
À porta de uma discoteca pediram-me o B.I., a minha fúria foi tal que o dito porteiro acabou por pedir desculpa e acrescentar que era um elogio. Ainda tive que lhe mostrar que nos documentos identificativos portugueses a data de nascimento vem noutro sítio... não sei se deixei o rapaz nervoso.
E na senda de Brites de Almeida, uma vez mais uma pequena portuguesa arrumou com um grupo de espanhóis: ela com a pá, eu com um olhar.
2000
A distância que nos une torna-nos mais fortes. Sei que contigo posso passar por tudo, sentir tudo, ver o mundo com outros olhos. O melhor é que ainda que longe, estás sempre aqui.
Subscrever:
Mensagens (Atom)